J. B. Pontes (*)
O atual desgoverno passará à história como o pior que o Brasil já teve. Na verdade, Bolsonaro nunca teve estatura intelectual e moral para ser presidente do Brasil. Para todos aqueles que conheciam a sua trajetória profissional e política o seu desastroso governo não foi nenhuma surpresa.
Ex-oficial do Exército, de onde foi expulso por práticas de atos indisciplinares graves, foi reformado como capitão graças à intervenção de membros conservadores do Superior Tribunal Militar (STM). Como parlamentar medíocre, sempre povoou o baixo clero, sem jamais exercer qualquer atividade relevante.
Como não poderia deixar de ser, atraiu para seu governo pessoas também medíocres e subservientes. E, para impedir a abertura de um processo de impeachment, solicitado por mais de 140 requerimentos, aliou-se ao Centrão, ao qual entregou o controle da parte mais importante do governo: o orçamento público.
Isto possibilitou que os membros do Centrão passassem a utilizar eleitoralmenteuma enorme fatia dos recursos públicos, por meio do “orçamento secreto” e do assalto aos orçamentos de importantes órgãos do Executivo.
Passará também à historia como governante que mais se utilizou de fakenews (mentiras ou meias verdades) para atacar adversários políticos e minar a confiança da população nas instituições democráticas, especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Não que os ataques mentirosos contra adversários nunca tenham antes ocorridos. No atual período de redemocratização, os grandes partidos sempre se valeram dos “nanicos” para fazer esse “jogo sujo” da política. Mas o desgoverno Bolsonaro ampliou e aprimorou ao extremo esse condenável comportamento. Nesse sentido, foi assessorado por setores conservadores radicais norte-americanos, graças à sua aproximação com o governo Trump.
Na mais recente campanha difamatória e mentirosa, ele ataca o sistema de votação por meio de urnas eletrônicas, em uso há 30 anos no Brasil, sem nenhuma comprovação de fraude. É um sistema, inclusive, que serve de modelo para o resto do mundo. Ao contrário, o sistema anterior, que utilizava cédulas para votação, sempre foi alvo de fraudes.
Bolsonaro, o mentiroso, sabe que:
1– A urna eletrônica é segura;
2 – o voto impresso que ele defende jamais voltará a ser usado no Brasil;
3 – Suas chances de reeleição são praticamente zero;
4 – Neste contexto, o que ele pretende é tumultuar o ambiente eleitoral para, quando do resultado negativo às suas pretensões de reeleição, a tentativa de golpe possa parecerlegítima;
5 – O sonho dele, um verdadeiro delírio megalomaníaco, é ser erigido em ditador perpétuo do Brasil.
Ao que tudo indica, o povo brasileiro, a elite empresarial e outros importantes segmentos da nossa sociedade, estão agora conscientes de que ele (Bolsonaro) não é um ultraconservador radical, nem um democrata, mas simplesmente um maluco que, por acidente, chegou à presidência do nosso País.
Nunca foi tão necessário que a sociedade brasileira acorde dessa letargia e defenda a nossa ainda frágil democracia, que nunca esteve tão ameaçada como no momento atual. Precisamos afirmar com vigor que não aceitaremos mais golpes.
(*) Geólogo, advogado e escritor