E, apesar das críticas à atuação dele à frente da Casa Civil, para muitos, a troca provoca instabilidade no governo. Nome do sucessor é visto como uma incógnita
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A saída de Hélio Doyle do cargo de secretário-chefe da Casa Civil do Distrito Federal causou um misto de surpresa e expectativas entre deputados, sindicatos, base aliada e oposição. Os representantes mencionaram as qualidades do jornalista, mas também fizeram críticas à forma como a pasta foi conduzida nos primeiros seis meses de gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Sobre o novo nome para assumir a Casa Civil, prevaleceu a dúvida. Os que conhecem o diretor-geral da Câmara dos Deputados, Sérgio Sampaio, reconhecem a competência dele como servidor, porém veem a atuação dele no Executivo como uma incógnita. Para alguns deputados distritais, a saída causou, inclusive, um certo desgaste.
Entre os principais motivos para a saída de Doyle, está, segundo ele, a pressão política dos parlamentares. A vice-diretora da Mesa, Liliane Roriz (PRTB), foi à tribuna da Câmara Legislativa, ontem, pedir explicações sobre as acusações de “lobby” sugeridas por Hélio durante a coletiva. “Disse que deputados frequentavam o Buriti só para fazer lobby. Então, que ele aponte quais deputados estavam fazendo isso para não colocar todo mundo no mesmo pacote.”
Apesar das críticas, a deputada considerou a saída uma perda para o governo. Para ela, a decisão, mostra uma desestabilidade de comando no Executivo. “Esteve na campanha, levantou a bandeira, e uma saída assim é sempre complicada. O governo terá que se redefinir.” O governador Rollemberg também lamentou a saída de um dos nomes mais fortes da gestão. “Estou triste. Ele mostrou desprendimento, lealdade e compromisso com o projeto. Ele já tinha tomado a decisão há duas semanas”, relatou.
Durante a coletiva, Hélio afirmou que o senador Cristovam Buarque (PDT) torce para que o governo de Rollemberg não dê certo. Disse que Buarque tem uma fixação por ele há 20 anos, desde quando trabalharam juntos. Hélio foi secretário de Governo durante a gestão de Cristovam, entre 1995 e 1998. O senador rebateu as críticas. “Por que eu ia querer que não desse certo? Fui fundamental na eleição de Agnelo. Não deu certo. Tive participação, modéstia à parte, muito forte na eleição do Rollemberg. Se o governo não der certo, como vou ficar perante a opinião pública? Quero o sucesso dele.”
A saída de Hélio não aplacou o desentendimento do governador com o PDT. O senador criticou a postura de Rollemberg em tomar mais uma decisão sem consultar o partido ou os aliados. “Não ouviu ninguém, nem deputados nem o presidente do PDT. Para nós, o problema do governo não é o Hélio, é o comportamento solitário do governador. O nome de Sérgio não foi uma indicação nossa.”
A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PDT), afirmou que a gestão da Casa Civil incomodava toda a classe política. “Ele (Hélio Doyle) tomou uma decisão pessoal e precisa ser respeitada. Na semana passada, tomei as minhas. Isso também foi respeitado.” Celina saiu da base do governo alegando que havia “um excesso de petistas na Casa Civil”. Hélio rebateu que todos os profissionais contratados por ele são por competência e que não trocaria nenhum dos trabalhadores por indicações de deputados. “Ele está tentando minimizar o problema”, alegou Celina.
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