Eduardo Pedrosa (União Brasil), 33 anos, exerce seu segundo mandato de deputado distrital. Nascido em Brasília, ele vem se destacando pelo trabalho em defesa das pessoas com deficiência e na proteção à saúde dos agentes das forças de Segurança Pública. Nesta entrevista ao Brasília Capital, ele explica porque é a favor da privatização da rodoviária e da célere aprovação, nos termos propostos pelo GDF, do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB).
Qual a satisfação de um brasiliense nato representar a população da cidade na Câmara Legislativa? – É muito especial ter nascido nesta cidade e, principalmente, ser deputado distrital de Brasília numa Casa onde a maioria ainda é de políticos vindos de outros estados. Brasília tem as mais diversas culturas. Aqui é o lugar mais rico do Brasil em cultura, porque temos as culturas de todos os lugares. A gente tem que buscar preservar e cuidar sempre da nossa capital.
Seus avós chegaram aqui no começo da construção da cidade. Conte um pouco dessa história. – Parte da minha família veio de Minas Gerais, e parte veio do Ceará. Meu avô paterno, que é médico, veio do Ceará para trabalhar na construção do Hospital de Base. Uma avó de Patrocínio, um de Cipotånea (MG) e uma de Bicas, cidade perto de Juiz de Fora, todos mineiros. Eu sou da geração que tem pais nascidos em Brasília.
O senhor falou da importância da preservação de Brasília. Como está o debate sobre o PPCUB na CLDF? – O PPCUB (Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília) é uma grande oportunidade que a gente tem para discutir a cidade. É importante que ele seja votado da forma que veio para a Câmara Legislativa, que é um projeto pensando a cidade como um todo. Eu sou contra a gente ficar fragmentando o PPCUB e votando para determinadas localidades específicas, porque você não pode pensar que a cidade só tem um bairro. O melhor é fechar o pacote e fazer uma coisa só.
O senhor não acha que ele precisaria de algum ajuste? – A gente já iniciou a fase das audiências públicas, que é a mais importante de todo o processo até agora. Tivemos uma e teremos pelo menos duas ou três aqui na Câmara. Essa é a oportunidade que a população tem para manifestar suas preocupações, de alterar algo, de debater com o governo algumas coisas necessárias de serem discutidas no texto, dos deputados poderem se manifestar e entenderem o projeto e, finalmente, a gente votar algo que é bom para a sociedade. Para que a gente consiga atender esse pleito que o governo tem de reorganizar a cidade, respeitando as posições políticas.
Acredita que a matéria deve ser votada ainda neste semestre? – Eu acredito que esta é uma oportunidade ímpar que a gente está tendo. E a gente não precisa estender isso por dois, três anos. A estrutura da Câmara custa muito caro. Tudo o que a gente faz aqui custa dinheiro do contribuinte. Então, a gente quer ser eficiente. Ser eficiente é dar oportunidade de as pessoas falarem e de aprender. É preciso organizar tudo isso e, ao mesmo tempo, ter condição de ouvir a população e votar as coisas com a agilidade devida
Esta é a posição do presidente da Casa, deputado Wellington Luiz? – Eu acredito que sim, até por conta dos agendamentos das audiências públicas. Mas a Câmara é uma soma das várias frentes, na qual a gente discute os pontos críticos. Tudo isso vai ser debatido ao longo da construção do projeto. Vai ser muito importante definir um prazo para votação. Mas eu penso que dois ou três meses de trabalho é um prazo suficiente para a gente conseguir construir algo que atenda o interesse da comunidade.
Outro tema importante é a privatização da rodoviária. O senhor votou a favor. Qual é sua expectativa quanto às propostas que serão abertas no dia 25? – Vamos trazer um pouco à tona aquilo que a comunidade sente há muitos anos. A rodoviária tem um grande potencial para que alguma empresa venha explorar de maneira correta, e que o governo arrecade dinheiro com isso. Hoje a gente gasta um volume imenso do nosso orçamento na manutenção de algo que muitas vezes não atende a população. Quantas vezes a gente escuta as pessoas falando que o banheiro é ruim, a escada rolante não funciona, não tem elevador. Coisas básicas em um lugar por onde passa 1 milhão de pessoas diariamente. A empresa vencedora tem que ter condição de fazer a exploração, na teoria, a nível de organizar e dar condição de os lojistas terem uma atividade econômica melhor, uma melhor condição para o usuário e, de quebra, o governo em vez de gastar, arrecadar, eu acho que é um processo interessante e inteligente.
E o que fazer com os atuais permissionários concessionários – Nós colocamos uma emenda garantindo prioridade para que eles possam continuar ocupando aqueles espaços. São pessoas que ajudaram a construir a rodoviária do Plano Piloto e geram empregos. Nós temos que pensar em como nós daremos melhor estrutura de trabalho para eles poderem exercer as suas atividades econômicas.
Como é sua atuação parlamentar em prol da proteção à saúde dos profissionais da Segurança Pública? – A saúde mental é uma questão transversal a tudo aquilo que a gente fala hoje. Quando a gente fala de uma pessoa morando em Santa Maria, precisando de atenção, com dificuldade de encontrar um psicólogo ou psiquiatra, está falando de saúde mental. Assim como estamos falando, também, da situação de um policial militar, de um bombeiro militar, de um policial civil e das forças de segurança em geral, que talvez sejam algumas das profissões mais estressantes que existem. Se a gente der suporte para essas pessoas, vai estar prestando, indiretamente, segurança para a população também. Então, é básico: para a gente ter uma segurança eficiente, precisa ter atenção com os profissionais que estão exercendo essa atividade.
E o trabalho em defesa das pessoas com deficiência? – Eu tenho trabalhado muito na área da saúde em pautas específicas, como autismo, síndrome de Down, doenças raras. São assuntos que estão um pouco esquecidos, mas que são muito importantes, e vamos estruturar uma equipe de suporte para a gente poder levar para o governo sugestões e debater em alto nível. Queremos instruir os deputados e montar uma frente parlamentar, envolvendo a sociedade, o governo e a Câmara Legislativa. E daí tirar algum planejamento ou projeto que possa ser executado.
Já houve alguma conquista concreta – Sim. Graças a Deus! Este mês, o governo está anunciando a construção do Centro de Referência de Doenças Raras, uma conquista nossa. Trabalhamos um ano e meio nesse projeto.
Como filho de Brasília, que presente o senhor daria para sua mãe no aniversário dela no dia 21 de abril? – Eu gostaria de dar para a Brasília todo o nosso suor possível. A gente tem feito, aqui na Câmara Legislativa, projetos estruturantes, que ajudem a cidade, que dêem oportunidades para as pessoas. Eu, particularmente, estou numa missão de garantir mercado de trabalho para pessoas com mais de 50 anos de idade, que têm dificuldade muito grande de acesso a uma atividade produtiva. E o presente que eu gostaria de dar para Brasília seria saúde, saúde, saúde.