O menino de 16 anos desce para o pilotis de seu bloco na QI 23, no Guará, de quatro a seis vezes por dia. Para a família, ele diz que vai caminhar com o cachorro ou conversar com os amigos. Na verdade, o rapaz sai para fumar escondido. À noite, é possível encontrá-lo escorado nas pilastras com um cigarro mentolado entre os dedos. A prática é a mesma há mais de um ano. O jovem faz parte de uma geração que adquire o hábito do fumo cada vez mais cedo. Mapeamento do Programa de Controle do Tabagismo (PCT) da Secretaria de Saúde mostra que a faixa etária entre 14 e 19 anos é a parcela da população que mais tem fumado, sobretudo as meninas. O Dia Nacional de Combate ao Fumo é comemorado amanhã.
Em uma década, a prevalência do tabagismo na capital federal caiu de forma significativa. Recuou de 16% em 2006 para 9,7% em 2014, segundo o mais recente cálculo da Secretaria de Saúde. O índice atual corresponde a 300 mil pessoas. Entre 2011 e 2014, as unidades de tratamento do tabagismo atenderam 20.385 fumantes, sendo que 13.177 (64%) pararam de fumar na quarta sessão, a última do esquema terapêutico. Por ano, 2 mil pessoas morrem no DF por doenças ligadas ao cigarro.
“Eu comecei a fumar de brincadeira, com os amigos. Normalmente, eu fumava um cigarro ou outro em uma festa. Mas comecei a sentir falta do cigarro durante a semana. Está muito ligado ao meu estado emocional. Se eu tinha uma dificuldade na escola, fumava para me acalmar”, conta.