As gravações da presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, bombardearam a relação entre governador e vice. Nos bastidores, o clima já era de desconforto. Rodrigo Rollemberg (PSB), em entrevistas, ontem, não escondeu o descontentamento com Renato Santana (PSD). O chefe do Buriti afirmou que está decepcionado com a “deslealdade” com a gestão. A crise deixou o governo vulnerável a ataques na CPI da Saúde, liderada pela oposição. Em reação às denúncias, a Câmara Legislativa fez uma convocação extraordinária para investigar o caso durante o recesso, o que colaborou para deteriorar o clima político. Santana será convidado a prestar esclarecimentos na Casa. Marli Rodrigues já foi convocada e deve comparecer na próxima quinta-feira. A repercussão pode atrapalhar os planos do governo em contratar organizações sociais (OSs) para gerir unidades da Secretaria de Saúde.
A polêmica começou na semana passada, com a divulgação de conversas gravadas pela presidente do SindSaúde com interlocutores do governo. Em um dos áudios, Santana admite saber da existência de um repasse de propina no valor de 10% dos contratos de serviços da Secretaria de Fazenda. Na gravação, a sindicalista diz ainda ter conhecimento de um esquema similar na Secretaria de Saúde, que chegaria a 30%. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) determinou que a Controladoria-Geral do DF apure o caso e garantiu que a Polícia Civil abriu investigação. O chefe do Executivo também entrou com uma queixa-crime contra Marli Rodrigues.
O PSB-DF, partido do governador, divulgou nota para defendê-lo das especulações. Para o comando da legenda, as denúncias têm relação com a decisão de Rollemberg de enfrentar “interesses poderosos e escusos”. “Recentemente, o governo propôs, entre outras ações, a implantação de organizações sociais no atendimento primário à saúde. Esse modelo de gestão tem causado reações desproporcionais por parte de alguns sindicalistas que, a todo momento, tentam confundir a população e os servidores da saúde com informações equivocadas”, argumenta o PSB.
A decisão da Câmara Legislativa de fazer uma convocação extraordinária desagradou ao governo. A determinação agora é dar explicações convincentes para tentar esvaziar a mobilização dos deputados. A presidente da Casa, Celina Leão (PPS), determinou a convocação no recesso. Adversária de Rollemberg, ela aproveita a crise na saúde para desferir golpes contra o governo na CPI e projetar seus planos políticos. “A crise é extremamente grave e exige da Câmara uma resposta. Temos uma CPI da Saúde e ela precisa trabalhar nesse caso com urgência”, explicou Celina.