Indígenas, professores e pesquisadores de universidades e de instituições públicas e o Ministério da Educação começam a discutir, em março, a criação de instituição de educação superior intercultural indígena. Para tratar desse tema, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, constituiu um grupo de trabalho com seis representantes indígenas, seis de instituições e quatro do MEC.
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Macaé Evaristo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, que vai coordenar o grupo de trabalho, explica que a tarefa da equipe será gerar o melhor desenho de como trabalhar os saberes indígenas, e não simplesmente levar o índio para dentro de uma universidade. “O grupo não vai pensar em uma universidade, mas como construir no país, dentro das universidades públicas, uma rede que dê conta de tratar das questões indígenas nas diferentes áreas.”
O desenho proposto pela coordenadora do grupo deve levar em conta as diferenças étnicas dos povos, o acúmulo de conhecimentos e as distâncias de um País com 8,5 milhões de quilômetros quadrados. O censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, contou 896.917 pessoas que se declararam indígenas, 305 etnias e 274 línguas faladas.
De acordo com Macaé, os povos indígenas do Brasil querem mais que a formação específica de professores, que já é oferecida por 20 universidades públicas; eles querem cursos de saúde, gestão territorial, de direito. A criação de territórios etnoeducacionais, por exemplo, gerou a necessidade de qualificação em gestão, que é reivindicada por diversos povos. “Eles querem se preparar para coordenar a gestão dessas áreas”, diz Macaé.
Agenda
A reunião de março vai definir a agenda e um calendário de atividades do grupo de trabalho. A coordenadora vai sugerir encontros com pesquisadores da temática indígena e com lideranças dos povos que compõem o mapa da diversidade brasileira.
A universidade indígena, segundo Macaé Evaristo, é ainda um tema novo no País, mas outras nações do continente americano têm uma longa trajetória de diálogo com os diferentes conhecimentos gerados por esses povos antes e depois da chegada dos europeus. Ela vai sugerir a realização de um seminário internacional para ouvir experiências de países como a Bolívia, que tem cinco universidades de povos indígenas e 22 cursos; a Nicarágua, que tem duas universidades e 10 cursos; o México, que conta com oito universidades e 49 cursos, e os Estados Unidos, onde há duas universidades.