Fotos: Antonio Sabino / Brasília Capital
Na quinta-feira (10) à noite, dois adolescentes invadiram o ônibus em que Cleiber da Vitória Barros, 29 anos, trabalhava como cobrador. A dupla foi direto ao caixa e, antes que ele esboçasse qualquer reação, recebeu cinco facadas. Os golpes o atingiram na cabeça e no ombro. O rodoviário foi levado para o Hospital Regional de Ceilândia. As lesões foram superficiais. Cleiber pôde voltar para casa.
O terror vivido por Cleiber é cada dia mais frequente no sistema de transportes públicos do DF. A colega dele, Valdecira Oliveira, 60 anos, que durante 33 anos trabalhou como cobradora de ônibus em Brasília, já viveu momentos difíceis. “É traumatizante. Eles abordam o motorista, depois o cobrador. Vêm com arma, faca e tudo que possa intimidar quem está dentro do ônibus”, conta. Segundo ela, nas três décadas dedicadas ao trabalho, “nunca corremos tanto risco quanto atualmente”.
O perigo percebido por Valdecira e experimentado na pele por Cleiber é confirmado pelas estatísticas do governo. Foram 1.586 roubos a coletivos até o final de julho, um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2016. As informações são do balanço da Secretaria de Segurança Pública, divulgado na última semana. Em relação a 2015, o aumento foi de 28,5%.
Valdecira recorda momentos de terror que viveu dentro de um coletivo há dois anos. Os ladrões anunciaram o assalto e foram em sua direção. “Me deram uma gravata [faz o gesto com o próprio braço] e apontaram uma arma para o meu peito. Entreguei todo o dinheiro que tinha no bolso da camisa, mas eles sabiam que tinha mais na minha calça. Cheguei na delegacia passando mal”, disse.
Precauções – O motorista Lázaro Ramos afirma que, por medo de assalto, em determinadas situações evita buscar passageiros “estranhos” nas paradas. “Se eu cismar que o cara é ladrão, fico ‘veiaco’. Não paro quando desconfio de dois jovens vestidos com roupas com mensagens negativas ou alguém com terno bonito e sapato estranho. Já me apontaram arma e faca. Fui assaltado, até por um indivíduo com roupa de rodoviário”, conta.
Vítima de cinco roubos, Paulo Roberto Rodrigues, 49 anos, é cobrador na mesma linha de Lázaro. Ele afirma que quando começou em seu primeiro emprego no transporte público, em 1990, a sensação de segurança era maior. Hoje, evita fazer viagens para locais onde esse tipo de crime é mais frequente, como Estrutural, Setor O, Recanto das Emas e Samamabaia.
Jorcelito José de Lemos, 48 anos, nunca presenciara um assalto dentro de ônibus. Entretanto, na terça-feira (8), quando voltava para casa, em Cidade Ocidental (GO), dois homens embarcaram próximo ao viaduto do Periquito, no Gama, e mandaram os passageiros entregar os celulares. “Acabou meu encanto”, desiludiu-se o rodoviário.
Os rapazes que feriram o cobrador Cleiber foram contidos pelos 20 passageiros do coletivo e levados pela Polícia Militar para a Delegacia da Criança e do Adolescente.
Jorcelito José, motorista Lázaro Barbosa, motorista Paulo Roberto, cobrador
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