Na esteira da absurda perseguição de fundamentalistas de direita de São Paulo contra o padre Júlio Lancellotti, a revista Fórum produziu uma matéria especial sobre o crack. A reportagem faz referência ao livro Aliança Sombria, do jornalista norte-americano Gary Weeb, que mostra que o crack nunca foi problema para os ricos, mas uma solução para os negócios capitalistas.
Em “Aliança Sombria”, Gary Webb mostra como o crack foi introduzido pela CIA nas comunidades para enfraquecer os Panteras Negras e como seu lucro foi revertido para financiar a contrarrevolução na Nicarágua. A CIA comprava crack e heroína dos contras da Nicarágua para financiá-los, dando-lhes capital de giro para a compra de armas para empreender a luta contra a recém-vencedora Revolução Sandinista que depôs o ditador Anastásio Somoza em julho de 1979.
As políticas sandinistas contrapunham os interesses dos EUA. Com o atacado da droga em mãos, a CIA começou a promover o varejo. E o bastião capitalista da moral e dos bons costumes passou a vender e distribuir crack e heroína para seu próprio povo. Fabricou traficantes milionários, diversas cracolândias pipocaram em cidades como Los Angeles, Oakland e San Francisco, na Costa Oeste. Esses traficantes tinham carta branca para atuar em comunidades negras e terras indígenas, levando, com as drogas, a desagregação das próprias comunidades e suas articulações políticas.