A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deve ouvir nesta quinta-feira (9) o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF, João Cardoso da Silva, o presidente do Conselho Regional de Odontologia do DF, João Samir Najjar, e o presidente do Conselho de Saúde do Paranoá, João Gomes. O colegiado se reúne a partir das 9h.
Na semana passada, a médica do Samu Olga Messias Alves de Oliveira disse à comissão que o GDF gastou R$ 1,024 milhão do Samu na compra de cinco caminhões para situação de catástrofe, entre 2013 e 2014.
De acordo com a médica, a aquisição de tantos veículos era desnecessária porque só são utilizados em situações especiais. Ela também disse que o GDF usou recursos do Samu para a compra de equipamentos não utilizados pelo serviço, como kits para exames cardiológicos e oftalmológicos.
“Essa era uma denúncia que eu já tinha recebido, com compra dos caminhões por R$ 1 milhão, que me parece desvio de recursos. Usaram o Samu como ‘barriga de aluguel’, pegaram o dinheiro que era do Samu para comprar itens que são da rede hospitalar”, afirmou o presidente da CPI da Saúde, Wellington Luiz (PMDB).
O deputado disse que a comissão iria fazer um levantamento junto à Secretaria de Saúde para saber onde estão os caminhões e o que foi feito dos aparelhos usados para exames cardiológicos.
Segundo Olga, esses produtos foram comprados em 2008 e custaram R$ 3 milhões. Como o GDF não comprou a geladeira especial para manter os kits na temperatura adequada, os exames não foram utilizados.
“Esses kits têm que ser armazenados a – 6ºC. Eles não deveriam fazer a compra por não ter a geladeira. Mesmo isso ocorrendo em 2008, todos os demais secretários de Saúde que vieram depois não tomaram providência, para que o prejuízo fosse amenizado”, disse o presidente da CPI.
“A doutora Olga apontou a pessoa responsável, quem deu parecer contrário à compra, e também quem autorizou a compra. Nós vamos chamá-lo para vir a CPI explicar por que a compra foi feita”, afirmou.
Durante o depoimento, a médica do Samu também criticou a estrutura do serviço. Segundo ela, o sistema tem falhas justamente por falta de recursos. “Temos que acabar com essas ilhas dentro da secretaria, que não tem uma informática decente, atualizada, a fim de que a gente pare de perder dinheiro”, disse a médica que já foi gestora da UTI Neo Natal, do Hospital Materno-Infantil deBrasília (HMIB). “As unidades da Secretaria não falam entre si.”
A médica falou ainda da falta de padronização das bases do Samu, que foi denunciada em relatório pela Controladoria Geral da União. A cópia do documento foi levada à CPI. Segundo Olga, o Samu opera atualmente com 72% dos veículos da frota e que faltam profissionais especializados.