Os integrantes da CPI da Pandemia no Senado têm discutido qual seria o momento ideal para o encerramento dos trabalhos. O surgimento de informações novas, a marcação de depoimentos adicionais e a discussão do conteúdo do relatório final levaram os membros da comissão a admitir rever a ideia inicial de dar por terminados os trabalhos na sexta-feira (24). Oficialmente, a CPI, que já foi prorrogada uma vez, pode ir até o dia 5 de novembro.
“Eu acho que nós teríamos que ter mais duas semanas de CPI. Hoje, é mais razoável pensar na conclusão dos trabalhos na primeira semana de outubro. Há 30 requerimentos já aprovados pendentes. Temos que escolher quais dessas convocações nós vamos pautar”, afirmou o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), reiterou na quinta-feira (16), que a decisão será acordada. A previsão era de que o relatório final seria entregue até o final da semana que vem, mas a CPI está colhendo novas contribuições, como a de um grupo de juristas liderado por Miguel Reale Jr. “O relatório é o produto do que a comissão quer e pensa. A tarefa com que me honraram foi exatamente esta, e eu vou me adequar ao seu cumprimento”, afirmou.
Agenda – Entre os depoimentos que a CPI anunciou para a próxima semana estão os de Wagner Rosário, ministro da Controladoria-Geral da União; e Pedro Batista Jr., diretor-executivo da Prevent Senior, que faltou à oitiva prevista para a quinta-feira (16) alegando ter recebido a convocação em cima da hora.
Randolfe Rodrigues defende ainda o depoimento de Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, empresa acusada de irregularidades na negociação de contratos com o Ministério da Saúde.
Ainda não há consenso, segundo Humberto Costa (PT-PE), em relação à convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Requerimento convocando-a foi aprovado na quarta (15). Há indícios de vínculo entre ela e investigados pela CPI por tráfico de influência, mas não há certeza quanto à pertinência desses casos para o objeto da CPI.
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), propôs a inclusão na pauta de pelo menos um depoimento de médico, dentre os vários que enviaram mensagens à CPI, para relatar ameaças sofridas por se recusarem a adotar o chamado “tratamento precoce”, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19.
“Seria importante, respeitando os profissionais de saúde, para não os expor, que a gente tivesse pelo menos um que pudesse aqui testemunhar publicamente para a nação brasileira o que ocorreu de verdade. Nós temos mensagens, gravações fortíssimas”, revelou Aziz.
Voto em separado – O senador Marcos Rogério (DEM-RO), um dos senadores que vêm fazendo a defesa do governo na CPI, acusa o colegiado de preparar “um relatório que vai mais pela via da lógica pré-eleitoral do que propriamente um relatório técnico”. Ao longo de todo o funcionamento da comissão, ele cobrou a investigação de suspeitas de desvio de recursos federais enviados aos estados.
Marcos Rogério antecipou que vai apresentar um voto em separado. “Pretendo colocar nesse voto tudo aquilo que apuramos na CPI e aquilo que coletamos, enquanto provas e evidências, a partir das informações e documentos que foram enviados à CPI”, afirmou.