Neste domingo (4) acontece o primeiro turno das eleições presidenciais da Costa Rica. Intenções de voto pulverizadas entre 13 candidaturas, descrença na política tradicional por conta de escândalos de corrupção, incapacidade de solucionar os graves problemas de segurança pública e previsibilidade de larga abstenção que, segundo as últimas pesquisas, certamente levará a definição para o segundo turno que, ao que tudo indica, será decidido entre candidatos de centro-direita.
A guinada latino-americana à direita vai ganhando força na Costa Rica e acena ao Brasil após a condenação unânime do ex-presidente Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Líder isolado nas pesquisas e símbolo histórico da enfraquecida esquerda brasileira, Lula provavelmente estará fora da disputa por conta da Lei da Ficha Limpa, que impede a candidatura de condenados em segunda instância.
A reviravolta nas eleições costarriquenhas está relacionada com uma pauta conservadora e moralista: a contraposição à igualdade de direitos entre casamentos heterossexuais e homossexuais. A reação se deu por conta do comunicado emitido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que pede a igualdade de direitos.
Cerca de 70% do povo costarriquenho se declara católico e 80% consideram a religião um valor importante a ser seguido, o que explica os 65% da população que se diz contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Com isso houve uma alavancagem da candidatura presidencial do deputado evangélico Fabricio Alvarado, que segundo as últimas pesquisas segue em primeiro lugar nas intenções de voto, com 13,8%, após declarar ser contra a posição da CIDH e que retirará a Costa Rica daquela Corte, caso seja eleito.
Alvarado está empatado tecnicamente com Antonio Alvarez, do conservador Partido de Libertação Nacional, que atingiu 13,4%. Diante deste cenário fica evidente que o conservadorismo e a moralidade dominam a reta final do primeiro turno e poderão definir os rumos da nação.
No Brasil, com a condenação e impedimento de Lula, uma avalanche de indefinições invadiu a cena eleitoral que, apesar da histórica possível abstenção apontada pela pesquisa Datafolha divulgada no último dia 31, revela o controverso Bolsonaro em primeiro lugar, com 18% das intenções de voto, seguido pelos tecnicamente empatados Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck, ainda sem partido.
Em tempos de acirramento de extremos, surgimento de salvadores da pátria e discursos moralistas que levam ao topo candidaturas presidenciais, ficar de olho no resultado das eleições da Costa Rica e da onda eleitoral dos demais países latino-americanos pode significar conhecer o perfil do que se anunciará como resultado das eleições brasileiras deste ano.
No próximo dia 29 de março, embarcamos para San José, capital da Costa Rica, para analisar e trazer informações exclusivas do segundo turno das eleições. Acompanhe o projeto “Tour Eleições das Américas”, da consultoria Viés Marketing Estratégico, que viajará e analisará todas as eleições dos países da América Latina em 2018. Os novos capítulos, postagens, vídeos e artigos deste inédito projeto serão divulgados exclusivamente aqui, no jornal Brasília Capital.