Corrupção no Brasil virou piada. Notícias de desvios praticados por autoridades transformam-se, em minutos, em anedota pronta. Impotentes diante de tantos escândalos, aos cidadãos resta a pilhéria, que vai para a vitrine das redes sociais. O pior é que, enquanto riem, nada fazem. Mas aqui cabe a pergunta: há outra solução para os pagadores de impostos neste momento a não ser fazer graça? Num país que ocupa o topo dos que mais cobram tributos, esta roubalheira justifica muita coisa.
Até quem vive de publicar notícias fica sem alternativa diante da quantidade avassaladora de escândalos. O que será manchete? Vários jornais tiveram que estampar na primeira página, com destaque, quatro escândalos simultâneos, como ocorreu terça-feira (5), quando houve a distribuição da foto que mostrava malas e caixas de papelão cheias de dinheiro vivo. Foram, somente ali, mais de R$ 51 milhões, propriedade atribuída ao ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, novamente preso na sexta (8).
O assalto ininterrupto aos cofres públicos explica por que, apesar da elevadíssima carga tributária, o Brasil não dá assistência médica aos cidadãos, nem segurança, muito menos escolas, mesmo as básicas. Parece que somente a lista do que falta é maior do que os casos de roubo de dinheiro público. Mas o que detona de vez o espírito e o ânimo de uma nação inteira pode estar contido numa frase simples: falta de esperança.
O resultado da roubalheira ininterrupta inclui elevado número de mortes ― no trânsito, nos assaltos, nos leitos de hospitais ou fora deles ―, que coloca o Brasil noutra liderança vexatória. Morrem mais pessoas aqui do que em muitas guerras ou conflitos armados pelo mundo afora. Na demagogia, não há nenhum político que não diga que está preocupado com isso. A realidade, desgraçadamente sem graça, desmente-os a cada novo clique nas redes sociais. Rir de quê?}