A sabedoria popular ensina, não sem razão, que prevenir é melhor que remediar. Quando se considera o ditado sob a ótica da saúde, pode-se avaliar por dois aspectos: o do bem-estar da pessoa no aspecto físico,
mental e emocional (e financeiro, pois é mais barato não adoecer). Doença dói no corpo, na alma e no bolso.
Nesses dois sentidos, a campanha de vacinação contra a covid-19 precisa crescer e acelerar – de forma planejada e seguindo as prescrições científicas da epidemiologia, pois as políticas e práticas também adoecem e morrem, se infectadas por ineficiência e corrupção.
Seguidas as orientações epidemiológicas, e havendo atuação adequada do poder público em todas as suas esferas, teremos perspectivas positivas na luta contra a pandemia da covid-19 para os próximos meses. E precisamos fazer isso rápido, pois o novo coronavírus continua se espalhando e, com o aumento da contaminação, com maior possibilidade de mutações que podem torná-lo mais eficiente na sua capacidade ofensiva, como já começou a ocorrer no Brasil e em outros países do mundo.
Felizmente, a ciência nos permitiu avançar rapidamente no desenvolvimento das vacinas – muito mais do que na criação de tratamentos e medicamentos para evitar o óbito em caso de quadros graves da covid-19. Temos duas vacinas em uso no Brasil, mas existem outras já sendo usadas ao redor do mundo e dezenas em fase de estudos clínicos e pré-clinicos.
Ao se associar ao Instrumento Global de Vacinas Covid-19, o Covax Facility, o Brasil se juntou a outros 190 países para garantir o desenvolvimento das vacinas mais promissoras e sua distribuição, com parâmetros de equidade entre os países. Na modalidade de adesão pela qual o governo brasileiro optou, o país receberá o equivalente para vacinação de 10% da população.
Nem todas as vacinas constantes do portfólio do Covax Facility foram testadas no Brasil e, para serem usadas aqui, seria necessário alterar dispositivos legais, dispensando os testes de fase três em território nacional, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária fez esta semana. Obviamente, a vacina que for usada aqui – e a legislação vigente exige isso – tem que ser referendada por órgãos de regulação com reconhecimento internacional, como o FDA dos Estados Unidos.
Em decorrência da suspensão emergencial e temporária da exigência desses testes, outras vacinas já desenvolvidas e que estão sendo usadas nas campanhas de vacinação em outros países também poderão ser adquiridas pelo governo brasileiro. Isso vai permitir alavancar a vacinação no Brasil, por enquanto limitada às poucas doses disponíveis da CoronaVac e da CoviShield, até que os institutos Butantan e Bio-Manguinhos consigam viabilizar a produção nacional na escala necessária.
Independentemente de outras questões envolvidas, é fundamental reconhecer a urgência e ter noção clara de que estamos correndo contra o tempo. E nessa corrida resiliente, vamos com calma, de máscara, higienizando as mãos e mantendo o distanciamento social, para evitar dar margem de vantagem ao vírus que nos ameaça.