Fernanda Sampaio (*)
Vivemos num mundo em que desde pequenos somos ensinados a fazer projetos acerca de nossas vidas, como se o nosso destino já estivesse pré-determinado. Essas influências são tão fortes que muitas vezes colocamos a nossa felicidade nessas pré-determinações e ficamos extremamente perdidos e frustrados quando a vida nos mostra alguma dificuldade que impede que tudo possa se tornar real da forma como imaginamos.
Cada vez mais, chegam aos consultórios casos de pessoas que viram seus planos frustrados pelo caminhar da vida, experimentando situações para as quais nunca foram preparadas: doenças ou deficiências físicas que acometem familiares, perdas de amigos queridos, casos de divórcios, questões de ordem homoafetivas (aceitação de si ou dos outros), relacionamentos frustrados somados ao medo e ao desespero de ficarem sozinhos, casais que não puderam ou não quiseram ter filhos, expectativas profissionais não concretizadas, separação dos pais, entre outros.
A vida na maioria das vezes nos surpreende, colocando-nos em situações difíceis. Porém, é preciso aceitá-las. Quando as pessoas se deparam com tais situações, geralmente acham que são perdedoras, se sentem injustiçadas, se sentem punidas e não-amadas e mostram dificuldade de recomeçar. Muitas entram em depressão por não verem uma saída eficaz. Tanto persistem nas situações derrotistas que não conseguem ouvir a mensagem que a vida lhes traz: “É hora de mudar!”.
Mesmo que as coisas não tenham ocorrido da forma como planejamos, elas podem dar certo sob uma nova perspectiva ou se realizadas de uma forma até então impensada. É preciso arriscar uma atitude nova, uma maneira de pensar mais flexível. Nós somos os nossos maiores julgadores. Precisamos nos amar mais, nos perdoar mais, entender que não temos o controle de tudo.
Caso a vida nos traga planos novos, precisamos aceitá-los como possibilidades de mudança e de crescimento. Quanto mais ampliarmos a nossa forma de pensar e ver o mundo, mais maduros e sábios nos tornaremos.
A felicidade não é um caminho reto, e existem muitas formas de sermos felizes. Se uma porta se fechou, é importante olhar para todas as outras possibilidades abertas. E sempre há um caminho.
(*) Psicóloga, Psicodramatista, Terapeuta Sexual, Palestrante, especialista em Brainspotting e EMDR.