Na antiga Prússia, em meados do século 18, revela o conto do dramaturgo francês François Andrieux, um homem possuía um moinho nas cercanias do palácio de verão do rei Frederico II, fato que incomodava tanto ao monarca quanto aos seus súditos. Para eles, o tal moinho enfeava os arredores do castelo. Mas, o homem se recusava a retirar o moinho do local. Irritado com a situação, o soberano, então, o ameaçou e afirmou que derrubaria a construção. Como resposta, porém, ouviu as seguintes palavras do homem:
– O senhor não fará isso! Ambos sabemos que ainda há juízes em Berlim.
Então, a frase, de um simples dono de moinho, ecoou na história como se tivesse sido pronunciada pela própria Têmis, a deusa da justiça. E essas mesmas palavras parecem também terem freado a votação do PLC 122/2017, na última terça-feira (05), na Câmara Legislativa. “Ainda há juízes em Brasília”, podemos dizer.
Apesar da pressa do governo local em aprovar o projeto que unifica e confisca a Previdência dos servidores do DF, a decisão do desembargador do TJDFT Waldir Leôncio suspendeu a votação.
Ao acatar o mandado de segurança, impetrado pelos deputados Wasny de Roure e Ricardo Vale, o magistrado ressaltou que o PLC não poderia ser votado, pois a “complexidade de algumas proposições legislativas, como a ora examinada, não permite que sejam concluídas em prazo exíguo, com inobservância de disposições regimentais, ainda que em trâmite em regime de urgência”.
E pudemos, então, nós, servidores e trabalhadores do DF, respirar aliviados por alguns dias. Mas não por muito tempo, tenho certeza. As propostas do governador Rodrigo Rollemberg são sempre um claro exemplo do que não fazer frente à gestão pública. Conseguem, ao mesmo tempo, serem amorais e imorais (proeza para poucos). E é por isso mesmo que a todo momento devemos repetir: “ainda há juízes em Brasília”. Não podemos nos curvar diante dos planos sórdidos do GDF.
Do lado de fora da CLDF, enquanto apoiadores do GDF tentavam correr com a aprovação do PLC 122 na última terça-feira, centenas de servidores brigavam para entrar na “Casa do povo”. E não houve desistentes. E é esse espírito que devemos manter. Se o governo insiste em saquear nossas aposentadorias, insistiremos também em mostrar à população que Rollemberg não pode e nem merece ser reeleito ou eleito a qualquer outro cargo público.} else {