Nas redes sociais, a campanha contra a privatização e desmonte do banco, com a #ACAIXAÉTodaSua, ganha grande alcances. Foto: Divulgação
Neste
domingo (12), a Caixa Econômica Federal completa 159 anos de fundação. Mas, em
meio às ameaças de privatização, os 82 mil empregados vão comemorar a data com
um Dia Nacional de Luta, marcado para segunda-feira (13) em todo o Brasil. Nas
redes sociais, a campanha contra a privatização e desmonte do banco, com a
#ACAIXAÉTodaSua, ganha grande alcances.
A
campanha, lançada no ano passado, busca a divulgar a importância do banco
público para a sociedade e impedir a venda de áreas estratégicas da
instituição. Atualmente, a Caixa sofre as ameaças de privatização que enfrentou
nos anos 1990. A equipe econômica e a direção do banco iniciaram, em 2019, um
processo de desinvestimento, que já tirou cerca de R$ 15 bilhões de ativos do
banco.
“É a linha do governo de vender tudo que pode. Para nós, funcionários da Caixa, é preocupante. O próprio presidente da Caixa tem dito que vai vender tudo que puder”, critica o presidente da Fenae, Jair Ferreira. Foto: Lorrane Oliveira
Para 2020, a expectativa também não é positiva. A década começou com o anúncio da contratação de um banco americano (o Morgan Stanley) para coordenar o processo de venda da Caixa Seguridade. “É a linha do governo de vender tudo que pode. Para nós, funcionários da Caixa, é preocupante. Embora estejam vendendo o braço de seguros, o próprio presidente da Caixa tem dito que vai vender tudo que puder”, critica o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Ferreira.
Ele
ressalta que o setor de cartões é o próximo da lista, caso a sociedade não se
mobilize para defender seu patrimônio. “Lutar pela Caixa é, sim, defender seus
empregados. Mas é, principalmente, defender as políticas públicas que ela
desenvolve. São mais de 4 mil agências. Quando começa a despedaçar, será
reduzido o tamanho dela. Como é que vamos atender às grandes demandas?”,
questiona Ferreira.
Reação – Para o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto, o início do processo de venda da Caixa Seguradora é um sinal importante, que deve provocar a sociedade. “O preparativo para o IPO da Caixa Seguradora sinaliza que, se não reagirmos, a empresa pode acabar. Por isso, as entidades sindicais e associativas farão uma grande manifestação em defesa da Caixa no próximo dia 13”, avisa Takemoto.
“O preparativo para o IPO da Caixa Seguradora sinaliza que, se não reagirmos, a empresa pode acabar. As entidades sindicais e associativas farão uma grande manifestação em defesa da Caixa no próximo dia 13”, avisa Takemoto. Foto: Divulgação
“É
por meio de setores, como as loterias, os seguros e os cartões que a Caixa
financia o sonho da casa própria, o acesso à faculdade com o Fies e do crédito
mais barato. É por intermédio delas, também, que saem os recursos para o Minha
Casa Minha Vida, o maior programa habitacional do Brasil”, explica
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa.
Ele
informa que, “além disso, parte do dinheiro arrecadado com as loterias é
aplicado no esporte, na cultura e na segurança nacional. Com a venda dessas
áreas e a retirada do FGTS, o Brasil todo perde. Mas a população de baixa renda
é a que será mais prejudicada com o fim do seu acesso ao sistema financeiro, ao
crédito, à poupança e a outros serviços”.
A
Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)
orienta todos os empregados da Caixa, da ativa e aposentados, a saírem às ruas
vestindo as camisetas e os broches da campanha A Caixa é Toda Sua, além de
postarem em suas redes fotos e vídeos dos atos com a #ACaixaETodaSua.
A
Contraf-CUT e a CEE-Caixa já possuem calendário de reuniões definidos para o
mês de janeiro e tratarão dos temas relativos à continuidade da campanha em
defesa da Caixa e outros de interesse dos empregados do banco.
Banco lucrativo e consolidado
“Para a parte da população que tem dinheiro, sempre haverá uma alternativa. Mas a nossa principal preocupação é com a parcela da sociedade que mais precisa”, afirmou Jair. Foto: Divulgação
O
governo Bolsonaro já vendeu R$ 15 bilhões de ativos da Caixa em 2019. Ou seja,
recursos da empresa foram repassados ao mercado financeiro. “Isso
certamente fará falta, porque o banco vive de emprestar dinheiro. Se você
começa a tirar aquilo que lhe dá suporte, você diminui a sua capacidade de
novos negócios”, explicou Jair Ferreira.
Ele
informa que a conta de venda da Caixa não fecha por uma questão simples: O
banco não está em crise. Ao contrário, gera e distribui lucros. No terceiro
semestre de 2019, a empresa teve um lucro de R$ 8 bilhões. Em 2018, o lucro
líquido contábil foi de R$ 10,355 bilhões.
“Nos
últimos 15 anos, a Caixa financiou 4 milhões de moradia do programa Minha Casa,
Minha Vida. Hoje nós ainda temos um déficit habitacional de 6 milhões de
famílias sem moradia. Encolher o banco é diminuir a sua capacidade de
atendimento. Para a parte da população que tem dinheiro, sempre haverá uma
alternativa. Mas a nossa principal preocupação é com a parcela da sociedade que
mais precisa”.
Ferreira
informa que, de 2003 a 2015, a Caixa praticamente dobrou a quantidade de
agências, especialmente nos pequenos municípios, sempre a serviço dos
interesses da população com menos acesso às políticas públicas.
Além
disso, a privatização de fachada visa tirar o Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) da Caixa – fonte de financiamento da casa própria e do acesso à
faculdade, com o Fies. “Tem como quantificar a perda de não conseguirmos
mais que nossos filhos frequentem a universidade?”, questionou.