Porta de entrada para a rede hospitalar pública do Distrito Federal e capaz de resolver 80% dos problemas de saúde da população, a atenção primária à saúde e sua expansão é encarada como prioridade pelo GDF. Uma unidade básica de saúde (UBS) está quase pronta para ser entregue em Samambaia e o governo investe atualmente mais R$ 14,8 milhões na construção de outras cinco. São cerca de 800 empregos diretos e indiretos gerados e o esforço para ampliar o quanto antes a rede de atendimento à comunidade.
A inauguração da UBS nº 11 de Samambaia está próxima. A Companhia Energética de Brasília (CEB) executa a ligação elétrica para que tudo funcione plenamente. Localizada na Quadra 831, a obra recebeu investimento de R$ 2,5 milhões. A unidade contará com quatro equipes de Saúde da Família, uma de saúde bucal e atenderá uma população estimada em 14 mil pessoas que vivem em 11 quadras vizinhas, além dos moradores do Morro do Macaco, do Morro do Sabão e da área rural.
14 mil pessoas devem ser atendidas pela nova UBS 11, de Samambaia
“É uma conquista para a comunidade”, comemora a dona de casa Marcela Oliveira. A mulher de 46 anos acompanhou a construção vizinha desde o início. “É importante acompanhar a saúde chegando mais perto de nós. Acho que toda a cidade ganha”, diz. Mãe de um menino com necessidades especiais, ela projeta melhoria da qualidade de vida para toda a família com a proximidade da unidade.
Coordenador de Atenção Primária da Secretaria de Saúde, Fernando Erick Damasceno Moreira explica que a nova unidade em Samambaia vai até o ponto mais crítico da cidade. De acordo com ele, o governo tem um planejamento para expandir a Estratégia Saúde da Família (ESF) e ter 100% de cobertura. “Seguimos a lógica de priorizar territórios de vulnerabilidade”, explica.
Esta será a terceira UBS entregue neste ano. Em março, uma começou a funcionar no Núcleo Rural Lobeiral, na Fercal. Em julho, o GDF entregou a UBS do Recanto das Emas (confira aqui as UBSs
do DF). Cinco outras estão em andamento e devem ser entregues no primeiro semestre de 2021. Segundo a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), a mais adiantada é a do Paranoá Parque, com 30% de execução (confira o andamento das obras no quadro abaixo).
Outras 13 UBSs estão em fase final da elaboração de projetos complementares para que sejam licitadas. Os investimentos na atenção primária em 2020 ainda envolvem a convocação e nomeação de médicos e enfermeiros de família e comunidade, a contratação de agentes comunitários de saúde e a alocação deles nos territórios.
Perto de casa
No Paranoá Parque, a nova UBS vai beneficiar uma população de 25 mil pessoas. Quem acompanha com expectativa o andamento da obra é a dona de casa Rafaela de Souza Santos, de 39 anos. Ela se mudou do Setor de Chácaras do Paranoá para um conjunto habitacional há quase cinco anos.
Mãe de dois filhos, hoje a família recebe acompanhamento no posto provisório instalado há dois anos em uma biblioteca na região. “Muitas vezes a gente desiste de ir por causa da distância e acaba se automedicando. Essa construção é um ganho enorme para todos os moradores. Nos mudamos para cá sem nada de infraestrutura. Agora, a tendência é só melhorar. Não nos sentimos mais esquecidos”, comemora a moradora.
“É uma dívida que temos com a comunidade do Paranoá Parque”, entende a gerente de Serviços de Atenção Primária vinculada à Superintendência da Região de Saúde Leste, Mariana Alencar. Para ela, os equipamentos públicos deveriam ter sido planejados junto com o conjunto habitacional, garantindo qualidade de vida. “A unidade vai possibilitar ampliação de acesso à saúde, uma vez que a proximidade permite construir referências e vínculos entre a população e as equipes”, explica.
Além disso, ela valoriza as condições de trabalho para o servidor. Planejada como unidade básica de saúde, ela terá estrutura para ofertar mais serviços e permitir que os já executados sejam feitos em melhores condições.
Plano de expansão
O coordenador de Atenção Primária explica que há dois eixos no plano de expansão: um envolve estrutura física, equipamento e força de trabalho, enquanto o outro trata de qualificação. “Temos um cálculo de uma equipe de mais ou menos 3,5 mil pessoas e cada UBS comporta quatro equipes”, aponta Fernando Erick Damasceno Moreira. Assim, 14 mil pacientes são beneficiados a cada inauguração. Conforme o gestor, o mais importante é ofertar serviços próximos às comunidades.
“O ponto é descentralizar a oferta de serviços e, de forma estratégica, aproximar o atendimento do cotidiano das pessoas. Naturalmente, para funcionar bem e resolver os problemas, a UBS precisa estar conectada com toda a rede, por ser a porta de entrada no sistema de saúde”, ressalta. Essa é a adequação necessária para acompanhar o envelhecimento da população, com acompanhamento por toda a vida.
O ponto é descentralizar a oferta de serviços e, de forma estratégica, aproximar o atendimento do cotidiano das pessoas
Fernando Erik Damasceno, coordenador de Atenção Primária
O Conselho de Saúde do DF entende que o modelo assistencial prioritário deve ser baseado na Estratégia Saúde da Família. “Na atenção primária são resolvidos cerca de 80% dos problemas de saúde da população, então é necessário o forte e massivo investimento com a maior expansão possível”, afirma a presidente da entidade, Jeovania Rodrigues Silva.
Ela aponta que as unidades em construção vão ampliar a cobertura para localidades sem base própria e dar melhores condições de trabalho com estrutura apropriada para execução dos serviços. “Novas equipes fazem com que o alcance seja maior e, com passar do tempo e atividades consolidadas, o impacto é positivo na saúde da população”, explica.
Nas unidades básicas de saúde, são oferecidos desde exames, consultas e acompanhamentos médicos até a entrega de medicamentos, a troca de curativos e a aplicação de vacinas. O serviço serve também para desafogar a procura dos doentes pelos hospitais, já que trata de casos simples e preventivos, e faz a primeira abordagem de pacientes com sintomas de Covid-19.
No DF, as UBSs funcionam de segunda a sexta-feira em horários diferentes, a depender das unidades, mas comumente em horário comercial. Esses espaços estão disponíveis para o público nas faixas das 7h às 17h, das 7h às 19h e das 7h às 22h – este último caso é chamado de horário estendido.