Comissão criada para discutir a possível doação do leão Dengo e da onça-pintada Tuan à Associação Santuário Ecológico Rancho dos Gnomos, em São Paulo, recomenda que os animais permaneçam sob os cuidados da Fundação Jardim Zoológico de Brasília. Após reunião do colegiado formado por médicos veterinários do zoo e do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal, a nota técnica elaborada nessa quinta-feira (10) considera que a idade avançada dos bichos e as doenças crônicas que têm representam risco de piora do estado de saúde ou morte, caso haja transferência para o rancho paulista.
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Os técnicos também consideraram o fato de que o recinto em que os animais vivem no zoológico de Brasília passa por melhorias estruturais — com previsão de ser ampliado — e ambientais. O espaço receberá recursos como um pequeno lago e vista para área de vegetação.
O laudo emitido ontem é um dos documentos exigidos pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal para analisar legalmente o pedido de doação dos bichos. A princípio, o Rancho dos Gnomos integraria a comissão, porém, não indicou nenhum médico veterinário para participar das discussões e não informou as condições de alojamento, de transporte, de acompanhamento médico veterinário nem de alimentação.
Para a coordenadora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Distrito Federal, Simone Conceição Porto Gonçalves, a falta das informações do rancho prejudicou o parecer da comissão. \”Contudo, não há indícios de maus-tratos aos animais em Brasília, pelo contrário\”, afirma. \”A onça Tuan, por exemplo, está com quase 22 anos, sendo que a idade média da espécie é de 18; ela não superaria isso se não estivesse bem-cuidada.\”
Relatório
A entidade elaborou relatório técnico do estado de saúde e das acomodações de Tuan e de Dengo em Brasília. A conclusão foi que as condições gerais do zoo — incluindo os ambulatórios, o laboratório de análise clínica, a farmácia veterinária — estão boas e apropriadas para tratar bem os animais. Técnicos do conselho recomendam, porém, aperfeiçoar os ambientes. \”Estão adequados, mas podem melhorar pelo bem dos animais\”, afirma Simone.
O documento em questão atende à solicitação da Procuradoria Regional da República de explicações acerca de denúncias de maus-tratos protocolada em janeiro de 2015 pela Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do DF.
No relatório, atestou-se que as acomodações de internação e de quarentena obedecem às normas estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), estão ventiladas e enriquecidas com elementos que remetem os animais ao habitat natural. Também foi verificado que os medicamentos na farmácia do zoo de Brasília são utilizados dentro da data de validade.
Quanto à alimentação, ficou constatado que os produtos encontram-se bem armazenados em frigoríficos e que o manuseio ocorre em instalações apropriadas. Os veterinários também analisaram o quadro de pessoal. Averiguou-se que ele é treinado para os procedimentos padrões e que passa por formação continuada. \”Mais importante que isso, vemos a forma com que tratam; todos conhecem os bichos pelos nomes, e os animais respondem quando são chamados\”, observa a coordenadora técnica do conselho.
Os felinos
O leão Dengo chegou ao zoológico de Brasília em 21 de julho de 2011 com aids felina e problemas de desenvolvimento corporal causados por má alimentação e por falta de qualidade no confinamento anterior em um circo.
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Devido aos problemas de saúde, Dengo, que tem quase 16 anos, precisou ser transportado em avião e sempre contou com acompanhamento médico-veterinário e rotina monitorada por biólogos e zootecnistas. Por não poder ter contato com outros bichos, nunca ficou em área de exposição e é cuidado em um recinto de tratamento com 77 metros quadrados, que passará por reforma e será ampliado, mesmo que ele deixe o local. De acordo com o diretor-adjunto da Fundação Jardim Zoológico de Brasília, João Suender, o ambiente é maior do que o especificado em instrução normativa do Ibama.
A onça-pintada Tuan nasceu no zoo brasiliense e tem insuficiência renal crônica. Ao contrário de Dengo, o macho de 21 anos passou a maior parte da vida em exposição. Atualmente, ocupa um espaço de cerca de 800 metros quadrados.
Tuan está desde 25 de agosto isolado na área de cambeamento do zoológico. O lugar funciona como uma unidade de terapia intensiva, e a internação ocorreu quando veterinários da instituição observaram que o animal não comia há três dias. Medicado, voltou a se alimentar horas depois de ser atendido.
Uma lesão debaixo da unha na pata esquerda dianteira é tratada com curativos diários e, até que se feche totalmente, a onça permanecerá isolada.
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