A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu na quarta-feira (9) anistia política a Alexander José Ibsen Voeroes. Militante do Movimento de Libertação Popular (Molipo), o jovem, então com 19 anos, foi morto por agentes da ditadura militar em 1972. A cerimônia aconteceu na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). No final, foi instalada uma placa em homenagem a Alexander no local.
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A família do militante não pediu indenização pelos danos causados pelas forças da repressão. No entanto, como de costume, o presidente da Comissão, Paulo Abrão, pediu desculpas em nome do Estado brasileiro à família de Alexander.
Para a mãe, Carmen Voeroes, o processo foi importante para esclarecer a história do ativista. “Foi bom, porque foi feita justiça. Ele foi acusado de muitas coisas que não fez”, declarou após a cerimônia. Ela conta que evitou o assunto por muito tempo. “Durante 40 anos não quis falar nada. Só quando fizeram a investigação. Aí, contei tudo”.
Nascido no Chile, Alexander veio para o Brasil ainda bebê. Teve formação política como estudante secundarista no Colégio de Aplicação, uma instituição com pedagogia progressista, que funcionava na região central da capital paulista. Em 1970 começou a ser perseguido pelos órgãos da repressão, acusado de participar de ações armadas. Para evitar a prisão, passou a viver clandestinamente.
Sobre o período em que vivia fugindo dos agentes da ditadura, há pouca informação. Um dos únicos registros é uma carta enviada em janeiro de 1971, na qual declara a intenção de se exilar em um país latino-americano. “No final é chato, a gente que passou anos nesta terra, somos tão intimamente ligados a ela, termos que sair. A gente sabe que vai sentir saudades”, dizia a mensagem de Alexander, que foi lida por seu sobrinho, Gustavo Dénes, durante a homenagem.
Em 27 de fevereiro de 1972, Alexander e outro militante do Molipo, Lauriberto José Reyes, foram emboscados por agentes do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) na zona leste de São Paulo. Segundo os relatos de testemunhas, foi montada uma operação militar fortemente equipada. Alexander foi metralhado ao tentar fugir, após ser atingido na perna. Além dos ativistas, um morador da região também acabou sendo assassinado pelos militares.