As promotorias Militar e de Defesa do Patrimônio Público, ambas do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), cogitam pedir explicações ao comando da Polícia Militar do DF sobre a exoneração do comandante e do subcomandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), major Elias Costa e capitão Cristiano Rocha. Os dois estavam à frente do caso da cobra naja, que picou o estudante de veterinária Pedro Krambeck, de 22 anos, no dia 7 de julho.
O MP quer apurar se houve prática de nepotismo em detrimento do interesse público e em benefício do interesse particular. Pedro Krambeck é enteado do tenente coronel Eduardo Condi, irmão do subcomandante-geral da PMDF, coronel Cláudio Fernando Condi. Este pode ter sido o responsável pelo afastamento dos dois oficiais do BPMA.
Segundo um ofício, com data de segunda-feira (3/8), assinado pelo chefe do Departamento de Operações da PM, coronel Hemerson Rodrigues, os ex-comandantes do BPMA serão substituídos pelo major Adelino Júnior e pelo Capitão Emerson Melão. “A nomeação e exoneração para cargos na corporação é um direito dos superiores hierárquicos. No entanto, isto não pode ocorrer quando se coloca o interesse pessoal acima do interesse público”, explica um procurador, que pede para não se identificar.
Também sob a condição de anonimato, oficiais da PM discutem a possibilidade dos ex-comandantes do Batalhão terem sido usados como “bois de piranha” para encobrir um esquema de tráfico de animais silvestres levantado a partir da apreensão da naja e outras 17 serpentes em poder de pessoas ligadas a Pedro Krambeck. Por isso, o afastamento de Elias e Da Rocha causa estranheza. Afinal, foi sob o comando deles que o BPMA chegou às pessoas que criavam clandestinamente as serpentes e outros animais silvestres, alguns deles avaliados em até R$ 20 mil. Entre essas pessoas, o irmão do subcomandante da PMDB.