Júlio Pontes
Na quinta-feira (28) e na sexta (29), a Agência Nuvem, com sede em Brasília, realizou um ciclo de palestras voltadas para assessores dos deputados distritais sobre comunicação e redes sociais. A iniciativa é uma parceria da Câmara Legislativa com a Escola do Legislativo e traz para a Capital nomes do marketing político do Brasil.
Confesso que me questionei se o meu lugar ideal seria mesmo no palco ou na plateia. Por ser um momento exclusivo para assessores da CLDF, eu não poderia estar na condição de ouvinte. Mas também me lembrei que, há pelo menos dez anos, estudo e acompanho de perto o trabalho dos deputados distritais. Em 2016 – vejam só –, meu trabalho de conclusão de curso (TCC) em Administração foi justamente analisar o impacto do marketing político nas eleições de 2014.
Durante a pesquisa, entrevistei 17 dos 24 deputados eleitos à época. Em uma das perguntas, questionei se, para as eleições seguintes (2018), os parlamentares pensavam em aumentar, manter ou reduzir o investimento em marketing. Nenhum cogitava diminuir. E, de fato, de lá para cá o investimento só aumentou. E a tendência continua sendo essa.
Por acompanhar de perto e há tempos a rotina na CLDF, acredito que não seja nenhum equívoco da organização me convidar para ser um dos palestrantes. Me preparei analisando o desempenho, no último mês, dos 24 deputados em mandato.
Os dois posts com mais engajamento nas redes foram do Pastor Daniel de Castro (PP) e de Chico Vigilante (PT). Curiosamente, nenhum dos conteúdos mais vistos tem sequer o rosto dos deputados. O Pastor trata de Bolsonaro e Vigilante de Lula. Os dois distritais também são quem mais publicam nas redes: 157 posts para o petista, 151 para o bolsonarista.
O jovem conservador Thiago Manzoni (PL) foi o único que conseguiu “furar a bolha” nos últimos 30 dias usando um conteúdo próprio. No dia 4 de agosto ele fez um vídeo quando foi para as ruas pedir o impeachment de Alexandre de Moraes.
No quesito seguidores, Paula Belmonte (Cidadania) é quem lidera, com 453 mil. Vale lembrar que muito dessa base foi construída durante a CPI do BNDES, quando ela ainda era deputada federal; e na CPI do 8 de janeiro, quando as atenções do País estavam voltadas para a Câmara Legislativa.
A análise dos números de redes sociais dos distritais reflete uma realidade: a CLDF chama atenção quando não fala de si, e sim de problemas nacionais. Portanto, o desafio é ainda maior. E capacitar os servidores é um excelente passo para isso.
Parabéns à Escola do Legislativo!