Nesses tempos confusos em que o Brasil está vivendo, com cerceamento das liberdades constitucionais, ameaça ao meio-ambiente, à cidadania e o crescimento de forças retrógradas entra em cartaz ofilme doc-ficção Legalidade, a rebelião popular com que Leonel Brizola derrotou o golpe de 1961 e impôs a posse na presidência da República, do vice-presidente eleito João Goulart. O movimento da Legalidade, liderado por Leonel Brizola, foi o único movimento civil da América Latina a derrotar um golpe militar já instalado, estruturado e implantado em um Governo central. Pelas ondas do rádio Brizola mobilizou a população do Rio Grande do Sul e depois a do Brasil, contra a decisão dos três ministros militares – Exército, Marinha e Aeronáutica – de impedir a posse do Vice-Presidente constitucional João Goulart, trabalhista como Getúlio Vargas; após a renúncia de Jânio Quadros.
Legalidade terá estreia terça-feira, 17/09/19, às 19 horas, no Cine Cultura/Liberty Mall, com debate com diretores e atores. Sob a direção de Zeca Brito, conta no elenco com a participação de Cleo Pires, Leonardo Machado, Letícia Sabatela, Ferando Alves Pinto e José Henrique Ligabue. Ele retrata a luta por uma causa cívica, uma revolução feita pelas ondas do rádio. A inteligência e a coragem de um líder. O poder da comunicação gerando uma verdadeira demonstração de força e civilidade. Um movimento de resistência e mobilização popular sem precedentes na história do país: a “Legalidade”.
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Imbatível no rádio (e depois na televisão), mestre na oratória ao melhor estilo dos grandes contadores de histórias, Brizola tinha o dom de raciocinar falando, como ele mesmo dizia, e como nenhum outro político de sua geração – fez da palavra a sua grande arma. A cadeia da Legalidade – que se formou espontaneamente para divulgar as pregações de Brizola a partir da Rádio Guaíba, que ocupou a manu militari; chegou a reunir 120 emissoras de rádio espalhadas por todo o país divulgando as proclamas e informações reunidas por jornalistas que apoiavam Brizola – exigindo respeito à Constituição e posse do vice-presidente João Goulart.
“Em Legalidade quis falar de meu país e das raízes políticas que ligam o Brasil à América Latina. A heroica façanha de Leonel Brizola liderando o povo brasileiro em ato de coragem e civismo, garantindo a posse do presidente João Goulart e a soberania da nação. Através das ondas do rádio o despertar para a constituição, o respeito ao voto popular. Um filme que trama ficção e realidade. Um romance que une visões opostas de mundo. Política, espionagem e comunicação, temas que articulam um dos momentos históricos mais intrigantes do país”, explica o diretor, Zeca Brito.
Em 1961, como em 2004, quando morreu aos 82 anos – sendo 15 deles no exílio – Brizola viveu intensamente o presente com os olhos fixos no futuro. Brizola nunca desistiu de modificar o futuro e sozinho no início, em 1961, também com a ajuda do marechal Lott, decidiu enfrentar os golpistas de Brasília e tirou, do episódio da Legalidade, uma grande lição: “Os golpes só prevalecem na desinformação”.