O adágio popular diz: “Uma agonia de cada dia”. Ele se aplica à realidade dos brasilienses. Bastaram umas gotículas de água e lufadas de ventos mais apressados, na segunda-feira (30), para que algumas cidades ficassem às escuras e outras áreas sofressem com alagamentos.
Naquele dia, choveu 0,8mm em Brazlândia. Simultaneamente, o pequeno temporal caiu sobre Águas Claras, no Guará 1, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e no Plano Piloto. Porém, parte da população não pôde comemorar a amenidade do clima que o registro de chuva trouxe.
No Paranoá Parque, moradores afirmaram que houve queda de energia logo após o início das precipitações. A interrupção durou cerca de dez minutos, mas exumou um mal que parecia enterrado juntamente com a razão social da antiga Companhia Energética de Brasília (CEB): o risco de quedas sucessivas da luz, como sempre ocorreu (leia Privatização da CEB).
Prejuízos – No centro da capital da República, outra combinação de mau tempo e ação malsucedida do governo resultou em mais transtornos para a população. No caso, para os usuários da Rodoviária do Plano Piloto.
Uma reforma no telhado da plataforma superior voltada para o Teatro Nacional fez com que a água infiltrasse para o terminal, alagando pátio, mezanino e lojas. Alguns estabelecimentos tiveram prejuízo material.
Uma das vítimas foi a loja de venda de apostilas para concursos que fica na plataforma superior do terminal. A reportagem do Brasília Capital esteve no estabelecimento dois dias depois e flagrou o proprietário calculando os prejuízos.
O concessionário pediu para não ser identificado. Mas contou que a água desceu do teto pelas paredes até encharcar sua livraria, danificando vários exemplares caros de questões para concurso público.
“Tá vendo essas caixas? Eu nem abri ainda porque a água estava alcançando a metade delas. Tenho certeza de que as apostilas que estão nelas foram molhadas”, lamenta o empresário. “Fui reclamar com a empresa e nem me deram satisfação”, disse ele, mostrando as marcas de infiltração no teto da loja.
Vizinha à loja dele, a lanchonete do gerente Lucivaldo Vieira, 36 anos, também sofreu prejuízos em meio ao temporal e às infiltrações provocadas pela obra. “A loja ficou ilhada, porque a água invadiu todo o piso. Os clientes nem puderam se aproximar. Perdemos muitas vendas”, lamentou.
Sem resposta – A reportagem do Brasília Capital foi atrás dos responsáveis. O primeiro a ser abordado foi um encarregado da empresa terceirizada que executa a obra. Ele não quis falar. Depois, foi a vez da Administração da Rodoviária, que pediu para procurar a Novacap. Esta, por sua vez, ainda não havia se manifestado até o fechamento desta edição.
Privatização da CEB não melhorou serviço
No dia quatro de dezembro do ano passado, o governador Ibaneis conseguiu um feito que alguns dos seus antecessores tentaram e não obtiveram êxito: a venda da superavitária Companhia Energética de Brasília (CEB).
Mais do que os bilhões que recolhera aos cofres públicos com a operação, o leilão traria o tão sonhado serviço de excelência no fornecimento de energia elétrica aos brasilienses, que vilipendiavam a CEB a cada queda de luz.
Mas, até agora, a empresa Bahia Geração de Energia, do Grupo Neoenergia, que pagou R$ 2,515 bilhões pela CEB, não mostrou a que veio. Isso ficou claro com a chuva da segunda-feira (30), após 76 dias de seca no Distrito Federal.