Beatriz Castilho e Roberto Marques – Agência de Notícias UniCEUB
As chuvas bem vindas para minimizar a crise hídrica no Distrito Federal também podem agravar antigos problemas existentes na Fercal, em Sobradinho, e na Vila Cauhy, no Núcleo Bandeirante. São, respectivamente, 300 e 76 casas em áreas de risco. A Defesa Civil monitora as duas localidades, uma vez que os moradores se recusam a sair de suas residências.
A 25 quilômetros do centro de Brasília, a Fercal concentra 24 áreas de risco, sendo o deslizamento de encostas a principal preocupação. Segundo registros, existem mais de 300 casas em situação de vulnerabilidade. “Na beirada da rodovia, há grande risco. Já caiu até carro aqui. Quando falamos de áreas de risco, acho essa a pior”, conta a moradora e membro do conselho comunitário, Andreia Ferreira, 39.
O geólogo José Elói Guimarães acredita que a estabilidade desses riscos seria por meio de estruturas de controle. “Muros de arrimo ajudariam a conter a situação na Fercal, mas só se construídos de forma correta”. Os muros nas regiões de morros estabilizariam as áreas instáveis.
Na Vila Cauhy a situação não é diferente. Cerca de 300 moradores de 76 casas não querem abandonar suas residências, apesar de terem sido desalojados na última inundação, em janeiro deste ano. Mesmo com os prejuízos, os moradores optaram por não ir para o centro comunitário da cidade. Decidiram ficar nas casas de amigos e familiares na mesma região por temerem que o governo derrube as moradias alagadas. A Vila fica dentro de uma reserva ambiental e é uma das 36 áreas de risco do DF.
Alto Risco – O chefe do Núcleo Operacional da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil, Carlos Alberto dos Reis Silva, alerta que a Vila Cauhy possui uma área de risco muito alta. Além da ameaça aos moradores, também há um grande impacto ambiental. Ele explica que os moradores não respeitam o limite de distância do córrego e por ser um local sem saneamento básico e sem infraestrutura apropriada, todo o esgoto acaba sendo depositado no rio. “A Defesa Civil fez o que pôde para socorrer os moradores nas enchentes. Eles estão cientes dos riscos e mesmo assim não querem se deslocar para outra área”, conta.
No caso da Fercal, a Defesa Civil mapeou, entre as vulnerabilidades existentes, a declividade, os problemas na qualidade das construções, a dificuldade na coleta de esgoto e na drenagem da água. O presidente da associação de moradores da Fercal Oeste, Vanderli Alarcão, 60, indica que a comunidade precisa ser melhor informada sobre os riscos. “As pessoas me procuram e eu falo para terem paciência. Acredito que a comunidade deve ser mais comunicada nesses casos. As principais queixas dos moradores são sobre a falta de iluminação, a qualidade da água e a segurança”, afirma.
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