A paralisação dos caminhoneiros, a despeito de ter em sua pauta a redução do preço do diesel e outras reivindicações de interesse da própria categoria, escancarou a revolta de toda a população brasileira com o abusivo valor da gasolina e do etanol ao consumidor final.
O estratosférico valor do combustível nas bombas tem relação com alguns fatores, principalmente a cobertura do rombo na Petrobrás ocasionado pelo maior escândalo de corrupção da história,uma exagerada carga tributária – agravada no governo Temer – e a preferência, sob o malsinado comando de Pedro Parente em nossa maior Estatal,de o Brasil comprar petróleo refinado no exterior, enquanto nossas refinarias funcionam com pouco mais da metade de sua capacidade produtiva.
Causa espanto, nesse sentido, que a mesma Petrobras pratique preços mais acessíveis ao exportar combustível para o mercado externo, em detrimento dos cidadãos brasileiros, que têm sofrido com a mais longa recessão de todos os tempos, no revés de uma política social que deveria ser inerente a uma empresa com forte capital estatal.
Isso sem falar que 27% de nossa gasolina tem a adição obrigatória de etanol (álcool), cuja produção, desde sempre, é inteiramente nacional, não sofrendo, portanto, qualquer influência do dólar e da cotação internacional, como ocorre com o barril de petróleo.
Desta forma, o presidente Temer, se quiser evitar novas greves e manifestações que podem tornar infernal o restante de seu mandato, além de tentar resolver o problema dos caminhoneiros, deve descer de seu prepotente pedestal e se dispor a tomar medidas globais para reduzir o preço dos combustíveis para carros de passeio.
Nesse passo, ao invés da prioridade aos acionistas da estatal petrolífera, o governo deve determinar, de imediato, a retomada da máxima capacidade produtiva das refinarias brasileiras e reduzir, sem moderação, a escorchante carga tributária, ora de quase 50% do preço final, pois beirou a indecência que, em meados de 2017, o presidente tenha dobrado a alíquota de PIS/Cofins.
Ora, se a alegação da equipe econômica do governo para o nefasto reajuste da alíquota foi a recuperação da saúde dos cofres públicos, deve-se lembrar que isto poderia (e deveria) ter sido realizado à custa de uma diminuição mais significativa da pesada máquina estatal e do fim das odiosas práticas de corrupção, que, infelizmente, continuam a todo vapor, conforme tem apurado o Ministério Público em parceria com a Polícia Federal.
O apoio maciço da população à paralisação dos caminhoneiros, a despeito da crise de desabastecimento que gerou apreensão e contratempos, demonstra que o brasileiro, independentemente de eventuais preferências ideológicas, está cansado de ser penalizado por atos de governantes sem legitimidade e sem espírito público.
A hora é de mobilização e do retorno de todos os cidadãos às manifestações de rua em busca do bem comum, pois o combustível a preços inviáveis desestimula a economia, tende a provocar inflação e retira a dignidade das pessoas, as quais, não raramente, se obrigam a abrir mão de outras necessidades básicas para exercer o singelo direito de ir e vir.