Nos últimos dias, a base de apoio do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais tem se esfarelado. As buscas e apreensões pedidas pelo Supremo Tribunal Federal e realizadas pela Polícia Federal foram completadas por ações de quem domina a internet no mundo: o Facebook. Afinal, Mark Zuckerberg também é dono do Instagram e do WhatsApp.
Páginas e perfis com milhares de seguidores, administrados por funcionários do Palácio do Planalto e dos gabinetes parlamentares dos filhos do presidente, foram banidos dessas redes sociais. O objetivo é conter a disseminação de ódio e notícias falsas, além de servir como resposta ao recente boicote de grandes anunciantes, como a Coca-Cola, à empresa americana.
Os bolsonaristas e os Bolsonaros (Jair, Carlos, Eduardo e Flávio) acusam as plataformas de “censura ao conteúdo conservador” propagado por eles. E colocam o Facebook no rol dos “comunistas”, onde também estão figuras como Sérgio Moro, João Doria e Henrique Mandetta.
Segundo levantamento do site Poder 360, em março (ou seja, antes das operações da PF), o presidente da República teve 87 milhões de interações nas redes. Esse número sofreu seguidas quedas e, em junho, ficou em aproximadamente 7 milhões, entre compartilhamentos, curtidas e retuítes.
Mas, onde foram parar os milhões de robôs que replicavam indiscriminadamente os conteúdos governistas, odiosos e fake news? Acostumada com esse modus operandi, a turma do Poder resolveu migrar para um campo onde, por enquanto, não tem adversários: o Parler.
Se você não o conhece, não se preocupe. O aplicativo Parler é uma cópia do Twitter, com mensagens de até 1000 caracteres (cada tuíte permite apenas 240. Nada além). Entretanto, justamente por não ser tão difundido, as regras e políticas de segurança praticamente inexistem. De acordo com seus criadores, o Parler “não é um regulador”. E é por isso que os “conservadores” e robôs resolveram se mudar para lá.
Em apenas três dias, o Presidente atingiu a marca de 100 mil seguidores. Outras autoridades aderiram à nova rede, incluindo Donald Trump e as deputadas federais Carla Zambelli e Bia Kicis. Coincidentemente, elas são investigadas também pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News no Congresso Nacional.
O modo de agir se repete: os conservadores divulgam conteúdo duvidoso. Páginas seguidas por milhares de “pessoas” compartilham. As publicações chegam a seres humanos com muitas interações, dando a sensação de verdade. Então, a vítima repassa as fake news com propriedade.
Fica a lição: não acredite nos números das redes sociais. Independentemente de qual seja ela.