Pela segunda vez este ano, Celina Leão assume o comando do Palácio do Buriti. Agora, em um contexto bem menos traumático: durante os quinze dias de férias do governador Ibaneis. Muito diferente do fatídico dia 8 de janeiro, em que o Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou o afastamento do chefe do executivo distrital sob suspeita de conivência com os atos terroristas ocorridos nas sedes dos três poderes, naquele mesmo dia.
Assim como em janeiro, Celina assume disposta a mostrar que não é uma vice-governadora decorativa. Em dois dias, desde que assumiu o posto de governadora em exercício, manteve uma agenda intensa: Esteve na sessão solene em homenagem aos Bombeiros, na Câmara dos Deputados, assinou a ordem de serviço que autoriza o início das obras da Fazenda Esperança (que atende dependentes químicos) e em reunião com representantes das cooperativas de catadores, anunciou o reajuste do valor pago por tonelada de material reciclável em até 43%.
Não há como negar que a vice-governadora politicamente transita bem em praticamente qualquer lugar. Extremamente comunicativa e despachada, tem acesso constante ao todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, com quem tem se reunido com frequência para tentar costurar a manutenção da emenda do Senado Federal que retirou o Fundo Constitucional da proposta do Arcabouço Fiscal, que deve ser votado em agosto. Não é tarefa fácil, visto que o relator da matéria na Câmara, deputado Claudio Cajado (PP-BA), se mostra irredutível e pretende retornar com o texto original.
Além do bom trânsito, Celina ainda tem estrela: um dia após assumir o governo, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que abre espaço no orçamento para concessão de aumento salarial de 18% para os policiais do Distrito Federal. Divulgar boas notícias sempre aumenta o capital político, e Celina sabe o peso político que as forças de segurança têm no contexto local.
Depois de tantas turbulências, Ibaneis deve ter um caminho tranquilo até o final do seu segundo mandato, permeado com a entrega de obras de vulto, ao exemplo do Túnel de Taguatinga e o Viaduto de Sobradinho, mas apesar da perspectiva de águas calmas, o mandatário terá que andar até 2026 consciente de que a sua vice-governadora está disposta – e não é pouco – a ser protagonista, até porque tem planos ambiciosos de ser a titular do Buriti a partir de 2027.