Um grupo formado por celebridades, ganhadores do Prêmio Nobel e pioneiros da inteligência artificial (IA) divulgou uma carta aberta pedindo a proibição imediata do desenvolvimento de sistemas de superinteligência artificial, máquinas capazes de superar o ser humano em todas as tarefas cognitivas.
Entre os signatários estão o príncipe Harry e Meghan Markle, ao lado de figuras centrais do campo da IA, como Geoffrey Hinton e YoshuaBengio, dois dos “pais da IA moderna”, e o cofundador da Apple, Steve Wozniak.
O manifesto foi articulado pelo Future of Life Institute (FLI), organização norte-americana dedicada à pesquisa sobre riscos existenciais ligados à tecnologia. O grupo solicita que a moratória permaneça em vigor “até que haja consenso científico de que a superinteligência possa ser desenvolvida de forma segura, controlável e com amplo respaldo público”.
DESCONTROLE – O FLI alerta que uma superinteligência poderia, em poucos anos, atingir autonomia decisória e capacidade de manipular informações em escala global, tornando-se incontrolável, com riscos à segurança, à economia e à própria sobrevivência humana.
O documento cita também possíveis efeitos sociais, como desemprego estrutural e erosão das liberdades civis.A adesão de Harry e Meghan, conhecidos pelo engajamento em causas humanitárias e ambientais, amplia o alcance político e simbólico do debate. O tema, até então restrito a especialistas e tecnólogos, passa a ocupar o espaço público.
Pesquisas citadas na carta indicam que três em cada quatro norte-americanos defendem regulações rigorosas sobre IA avançada e que 60% apoiam o desenvolvimento de superinteligência apenas sob garantias comprovadas de segurança.
O apelo é dirigido a governos, empresas e legisladores, em um momento em que gigantes como OpenAI e Google admitem trabalhar em sistemas de IA com capacidades gerais superiores às humanas.
Para analistas, a mobilização reflete não apenas uma preocupação ética, mas também uma disputa estratégica sobre quem controlará a próxima fronteira tecnológica.