A primeira semana de junho fechará com o incrível número de 6 milhões de infectados e 400 mil mortos pela covid-19. Estados Unidos e Brasil são os dois países com maiores contingentes contaminados e que, nos últimos dias, têm respondido por metade dos mortos. Isto não é mera coincidência. Tal situação decorre do fato de serem presididos por negacionistas, extremistas de direita que estão “se lixando” para a sorte de seus povos, inclusive sob a ótica econômica.
Sim, tanto lá como aqui, o discurso de desprezar o isolamento social e priorizar a economia não passa de tentativa de encobrir o fracasso de suas políticas econômicas, amplamente direcionadas para proteger o grande capital e retirar conquistas históricas dos trabalhadores.
O fato é que Donald Trump e Jair Bolsonaro, assim como alguns governantes europeus, ao negligenciarem o combate ao à covid-19, amplificaram a disseminação do vírus e estenderam os efeitos negativos para um tempo prolongado, ao contrário de países como China, Taiwan e Austrália, que já controlaram o vírus.
Enquanto, nos EUA, Trump busca na China o seu bode expiatório, no Brasil, Bolsonaro prossegue em sua cruzada de negar a gravidade do coronavírus e trata com desdém as mais de 30 mil mortes (considerando as subnotificações e registros em atraso, estima-se que sejam mais de 50 mil).
De outro lado, o ultraliberal Paulo Guedes nega o auxílio emergencial de R$ 600 para milhões de trabalhadores pobres e dificulta o acesso a empréstimos a milhões de pequenas e microempresas, enquanto garante bilhões para os bancos e as grandes corporações.
E nesse quadro de desatino os generais e ministros da Defesa e do GSI, respaldados por 3 mil militares “com boquinhas” no governo, apressam-se em emitir notas ameaçando nossa débil democracia. Este sinistro casamento do neoliberalismo com a militarização do governo vai gerando em seu ventre um enorme retrocesso econômico, social e político, com consequências dramáticas.
Num país de extrema desigualdade social, seu legado será a desestruturação da economia nacional, o desmonte dos serviços públicos e o aumento da concentração da renda, da pobreza e da miséria.
(*) Ex-presidente da Codeplan e do Conselho Federal de Economia