Frejat truca Rollemberg, mas não tem o zap
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Dez entre dez pescadores dos rios brasileiros elegem o Truco como o melhor jogo de cartas para matar o tempo nos intervalos da pescaria, à beira de fogueiras. O maior atrativo da brincadeira é o blefe. Para isso, vale tudo – gritar, subir na cadeira, xingar o oponente e até rolar no chão. Bom mesmo é ludibriar o adversário e ganhar a peleja sem revelar a carta com a qual chamou o adversário para o embate e o intimidou, sempre subindo o valor da aposta.
Catorze pontos atrás do adversário no segundo turno da corrida ao Palácio do Buriti, o candidato do PR, Jofran Frejat, “trucou” Rodrigo Rollemberg na tarde de quarta-feira (15). Tirou da manga uma cartada final para tentar virar o jogo. E gritou alto: prometeu, se eleito governador, baixar um decreto já no dia 1º de janeiro de 2015 adotando a tarifa única de R$ 1,00 para todo o transporte público do DF.
Frejat deitou e rolou com a novidade. A proposta circulou durante todo o dia pelas redes sociais, constou do seu programa eleitoral no rádio e na TV e foi tema da entrevista ao vivo que concedeu no início da noite ao DFTV segunda edição, da Globo. Enquanto isso, sua vice, Flávia Arruda, juntamente com o marido José Roberto Arruda, fazia corpo a corpo na rodoviária do Plano Piloto, distribuindo um informativo detalhando a proposta.
Às 20h, Frejat e Arruda reuniram um grupo de 200 apoiadores num restaurante na Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Águas Claras e pediram a todos que ajudassem a disseminar a informação. “Tenho uma notícia ruim e uma boa”, adiantou Arruda. “A primeira é que sairá uma pesquisa em que continuamos atrás; a segunda é que a diferença diminuiu”, emendou. O discurso do ex-governador empolgou a platéia. De fato, os jornais de quinta-feira (16) publicaram pesquisa do DataFolha em que a vantagem de Rollemberg caiu três pontos (de 17% para 14%). Ainda assim, muito confortável.
Em seguida, foi a vez de Frejat subir na cadeira improvisada de púlpito e detalhar como pretende executar a medida. “O custo mensal do sistema de transporte passaria de R$ 90 milhões para R$ 112 milhões. O GDF vai arcar com essa diferença sem aumentar impostos. Vou enxugar a máquina e utilizar parte dos cerca de R$ 800 milhões que o governo arrecada com o IPVA”.
A explicação do candidato republicano, de certa forma, responde ao questionamento do adversário. Coincidentemente, Rodrigo Rollemberg jantou uma hora mais tarde numa churrascaria ao lado do restaurante onde acontecera o evento de Frejat. “É um projeto eleitoreiro, que, a dez dias da eleição, denota desespero de quem sabe que vai perder. Além disso ele tem que dizer de onde vai tirar o dinheiro. Será da Saúde?”, ironizou o socialista, ao ser abordado pela reportagem do Brasília Capital.
Um assessor do socialista reforçou que a proposta de bilhete único que consta do programa de governo do PSB é muito mais factível e já foi detalhado à sociedade. Mas deu a entender que, caso o efeito da proposta do adversário seja muito devastador nos próximos dias, Rollemberg pode sacar do zap (carta mais alta do Truco): propor a tarifa zero.