Os grupos Carrefour, Pão de Açúcar (GPA) e Cencosud, três das maiores redes de supermercados do Brasil, compraram produtos de frigoríficos que têm, entre seus fornecedores, pecuaristas flagrados usando mão de obra análoga à escravidão.
Juntos, os três grupos possuem mais de 2.000 lojas no País. Investigação da Repórter Brasil identificou três frigoríficos que vendem carne para as redes de supermercados e que compraram o gado de fazendas incluídas na \”lista suja\” do trabalho escravo —cadastro do governo federal que identifica pessoas e empresas flagradas praticando esse crime.
Em 2005, o Carrefour e o Pão de Açúcar assinaram o Pacto Nacional Pela Erradicação do Trabalho Escravo. Já a Cencosud assinou carta de compromisso no ano passado. Apenas o Pão de Açúcar suspendeu seus fornecedores, segundo a diretoria de Sustentabilidade do GPA à Repórter Brasil.
O Carrefour afirmou que aguarda posicionamento de seu fornecedor, enquanto o Cencosud negou ter comprado carne de frigoríficos que negociam com fazendeiros incluídos na \”lista suja\” do trabalho escravo.
Os frigoríficos que deixaram de vender para as lojas do Grupo Pão de Açúcar são Frigotil, de Timon (MA), e Frigoestrela. O Frigotil comprou gado de dois pecuaristas da \”lista suja\” em 2018 e 2019. A empresa respondeu à Repórter Brasil que \”inibe a compra de gado nessas condições\” e que analisa a contratação de uma empresa de consultoria para viabilizar um maior controle socioambiental dos fornecedores.
Um dos pecuaristas identificados como fornecedor de carnes ao frigorífico que vende para as lojas do Pão de Açúcar é Carlinhos Florêncio, deputado estadual pelo PCdoB no Maranhão. Ele foi autuado por submeter nove trabalhadores à escravidão na Fazenda Tremendal, em Parnarama (MA).
O deputado foi incluído na \”lista suja\” em abril de 2018 e permaneceu no cadastro até novembro do mesmo ano, quando obteve uma liminar judicial para que seu nome saísse do documento. Antes disso, de maio a setembro, ele forneceu gado à unidade de abate do Frigotil em Timon.