O terapeuta Wanderley Oliveira, no livro \”Abraço de Pai João\”, tece considerações importantes a respeito deste tema, doença que sempre existiu, mas que se aprofundou nesses tempos de isolamento, desconfiança e falta de tempo dos pais para com os filhos.
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Segundo Wanderley, a carência afetiva atrapalha o indivíduo, notadamente nos relacionamentos, porque o carente é alguém que também tem medo de ser rejeitado e ficar só. Para suprir esse medo, ele deixa de ser criterioso a respeito dos relacionamentos.
A pessoa carente fica presa em um ciclo de relacionamento vicioso e não consegue romper. Para que a ruptura desse processo doentio aconteça, é preciso que três atitudes indispensáveis entrem em ação: muita orientação terapêutica, apoio e decisão.
A forma como lidamos com o que nos falta é que vai fazer ou não diferença em nossa vida. O carente é antes de tudo um egoísta. Reconhecer isso é o primeiro passo, é a vacina que cura. Exigir amor do outro é sinal de profunda imaturidade emocional.
O amor é o antídoto da carência afetiva. Mas não o amor que transfere responsabilidades afetivas a alguém, e sim o movimento de amar a si mesmo e ao outro, sentindo que o amor que se dispensa pulsa também na sua direção como um efeito natural do ato de dar sem esperar nada em troca, de realizar sem a necessidade de retorno.
A vida é abundante e nosso coração transborda não só quando recebemos, mas, principalmente, quando damos afeto. O carente é alguém que se sente vazio e só pensa em preencher esse vazio através de outra pessoa. Quer ser cuidado e não se cuidar e está sempre esperando receber, mas quando aprende a amar procura alguém para agregar valores, experiências e momentos felizes. Porém, não depende disso para ser feliz. Tem expectativas e as dosa com equilíbrio a ponto de, se necessário for, abrir mão delas sem responsabilizar ninguém.