Mario Pontes
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De fato, amigo, nem tudo são flores no exercício da democracia. Afinal, ela não é praticada por anjos, mas por simples humanos. Muitos dos quais não tiveram como avançar na assimilação dos princípios democráticos – criados há milhares de anos. Mas, em muitíssimos casos, seguidos tortamente, seus meios e modos alternados para pior, pela resistência de antigas estruturas tribais; ou herdadas de velhas e enferrujadas engrenagens monárquicas.
Quando conhecemos a natureza desses desvios para a inconsistência, logo descobrimos porque, às vezes, eles podem levar a resultados dramáticos. Mas também porque costumam – ao inverso, e, às vezes por longos períodos – vestir a imagem da democracia com a roupa do ridículo. E nesse tocante, nenhum exemplo melhor do que o nosso horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão.
Na maioria dos casos falta um mínimo de consistência a esses festivais de autoelogio. Que, na verdade, pouco servem ao candidato como tal, mas a interesses correlatos, políticos somente na aparência. Já observaram, leitores, o quanto é raro ver/ouvir nesses plocs eletrônicos a palavra democracia?
Com as raras exceções de sempre, os programas eleitorais da nossa TV são aborrecidos festivais de hipocrisia. Nos quais um bom percentual de atores tem sua vida pública marcada por fieiras de atentados aos princípios da vida democrática. Não obstante, todos se esforçam para que os vejam como amigos, ou mesmo companheiros.
Acabo, aliás, de lembrar-me de onde veio a palavra candidato. De Roma, nos distantes tempos em que lá se falava latim. Não havia eleições como tal. O que havia eram disputas, sempre ferozes, pelos cargos públicos do Império. E, claro, antes de expor suas habilidades práticas, eles vestiam túnicas brancas para mostrar que eram cândidos. Foi então que um célebre escritor – Plínio, o Moço – criou, para designá-los, a palavra candidato.