A campanha no Distrito Federal vive uma reviravolta a três semanas da eleição. Com a saída de José Roberto Arruda (PR) e a entrada de Jofran Frejat (PR) e a mulher do ex-governador, Flávia Peres Arruda, no páreo, os adversários repensam estratégias e traçam planos diferentes. Com as mudanças recentes, só a próxima pesquisa eleitoral deve indicar se, de fato, haverá uma transferência de votos para Frejat, acreditam especialistas. Apesar da incerteza, os coordenadores de campanha dos concorrentes ao Palácio do Buriti estão confiantes em uma grande fatia livre de eleitores a partir de agora. Além dos votos que podem não migrar para a nova chapa, as últimas pesquisas mostram que brancos, nulos e indecisos alcançam cerca de 18% do eleitorado.
Especialistas ouvidos pelo Correio apostam em um novo quadro eleitoral, mas ressaltam que é preciso esperar as próximas pesquisas para cravar o futuro das eleições. “É uma nova eleição, é como se tivesse começado do zero, então, todos os candidatos precisarão mudar as estratégias. O eleitor do DF tem característica de fidelidade, mas não há transferência integral de votos”, avalia o cientista político Ricardo Caldas. “É difícil saber o quanto Arruda vai conseguir transferir de votos para Frejat. Acho que muitos eleitores podem acabar votando em branco ou nulo. A verdade é que a campanha vai assumir outro tom. O candidato que tende a receber menos votos com essa mudança é Agnelo. O eleitor do Arruda não vai migrar para o PT. Então, resta saber como esses eleitores se dividirão”, acredita o também cientista político Everaldo Moraes.
Na avaliação do coordenador-geral da campanha de Toninho do PSol, Alexandre Varela, a partir de agora, a briga começa do zero. “Ele (Frejat) terá dificuldades em captar todos os votos do Arruda por ser mais conservador. E vamos explorar isso”, adianta. Nesse parâmetro, o PSol prepara uma nova estratégia para até 5 de outubro. “Vamos ter uma tática de demonstrar que Agnelo, Rollemberg e Pitiman representam o mesmo projeto. Brasília precisa ter alguém diferente para mudar, e nós somos a alternativa”, explica Varela. “Arruda tinha o voto fiel a ele, ligado ao rorizismo, e o eleitor que rejeita o Agnelo. Essa segunda opção de eleitorado é a que entra na disputa agora.”
Para o coordenador de Comunicação de Luiz Pitiman (PSDB), Achiles Pantazopoulos, a campanha recomeça com cerca de 60% dos votos — 37% do Arruda e o restante de branco e indecisos — em aberto. Por isso, ele acredita que esse pode ser o momento de Pitiman, a 20 dias da eleição. “Ninguém aguenta mais o PT, o Arruda está fora e o Rollemberg não passa segurança para essa massa. A população enxerga no Pitiman o ficha limpa e o tocador de obras que pode mudar a situação do DF”, defendeu. A campanha do tucano, no entanto, não terá alterações estratégicas, segundo Achiles.