Pois não é que um tal de Francisco Buarque de Hollanda virou um oitentão aclamado, da Internet ao rádio de pilha, como a grande unanimidade brasileira?
Esqueçamos a unanimidade pomposa, empolada, pedante etc. e fiquemos com o Chico que apareceu em nossas vidas com “A Banda”, ganhadora do festival da Record.
A canção encantava a todos que, nos seus vinte e poucos anos, cantavam coisas de amor; era uma música otimista – embora, ao final, voltasse à realidade. E a realidade, viu-se logo depois, era a ditadura que censurava manifestações artísticas e políticas.
Nesse labirinto, a presença marcante de Chico – incluindo as polêmicas entre seus fãs, e não entre seus costumeiros detratores.
Exemplo recente: grupos feministas defendendo o cancelamento de uma de suas canções e outros grupos que consideram a canção um registro da situação da mulher naquela década.
Falo de “Com açúcar, com afeto”, de 1967, que nunca foi um hino à submissão. Mas, no debate, ganhou a primeira versão que validou seu cancelamento.
Seja como for, fica o abraço de parabéns pravocê, Chico!
Com açúcar, com afeto. Sem unanimidades.