O presidente da Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, nesta terça-feira (25), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que o movimento de alta de juros implementado pela autoridade monetária brasileira foi feito durante o período eleitoral. Isto, em sua avaliação, demonstra que critérios técnicos prevalecem em relação a políticos nas decisões do BC.
“Nunca na história deste País, nem na história do mundo, foi feito um movimento de alta de juros tão grande no período eleitoral, mostrando que o Banco Central, mesmo no período eleitoral, entendeu que a inflação ia subir”, acrescentou.
Afirmou, ainda, que a inflação no Brasil é de 7,8% e a taxa Selic 13,75%, mais baixa que quando estava em 14,25% e o núcleo de inflação estava mais ou menos o mesmo nível que está hoje e que as medidas adotadas pelo BC foram suaves para evitar choques de curto prazo. “A gente tem uma inflação um pouquinho mais baixa do que quando os juros estavam em 14,25%. O fato de termos atuado antes funcionou”.
“O mundo não gira na Selic [taxa básica de juros]. Grande parte dos juros é prefixada. Controlar os juros de um dia não garante queda para o resto da curva de juros, que é determinada pelo preço que as pessoas estão dispostas a emprestar para o governo. Portanto, se eu não tiver credibilidade eu posso fazer cair os juros curtos, mas os demais vão subir porque a economia não gira no juro curto”.
Na visão de Campos Neto, o que possibilita uma queda de juros sustentável é a capacidade de se fazer os juros a curto prazo caírem, e essa curva se perpetuar e propagar.