Com as correntes do bem, aumentam as chances de alguém encontrar um doador compatível. A menina diagnosticada com leucemia tentará tratamento no Canadá
- Advertisement -
As iniciativas do bem em busca de doadores de medula óssea sensibilizam cada vez mais pessoas em prol da causa. Dados da Fundação Hemocentro de Brasília mostram o aumento da disposição em ajudar e já são 28,5 mil no Registro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Impulsionados por campanhas como a #tamojuntomichel, do militar Michel Maruyama, 31 anos, e da pequena Catarina Melo Maciel, 6, mais doadores apareceram, e o cadastro cresceu de maneira significativa. De janeiro a maio, o Hemocentro contabilizou 3 mil novos cadastros, um dos índices mais expressivos registrados pela unidade. Esse número representa mais da metade de todos os inscritos em 2014. Isso coloca o DF mais próximo de cumprir a meta máxima do Ministério da Saúde de coletar 9 mil novos doadores por ano.
Com mais gente cadastrada, a probabilidade de encontrar um doador compatível aumenta, assim como a esperança de quem precisa, como a pequena Vivian Cunha Iliopoulos, 2 anos, diagnosticada com leucemia e que necessita, urgentemente, de um transplante de medula óssea. A família lançou nas redes sociais a campanha #ajudevivi em busca de mais doadores. Segundo Fabiana Lima Cunha, 31, mãe de Vivian, a pequena estava em fase de manutenção da leucemia quando, há seis dias, apresentou uma recaída. Vivian teve o primeiro diagnóstico aos 10 meses, em 2013. Na ocasião, a família morava no Canadá e estava de férias no Brasil. Desde então, está em Brasília para o tratamento.
Internada no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar há seis dias, a família resolveu tentar um tipo de quimioterapia que não existe no Brasil, mas está disponível no Canadá, país onde viviam antes do diagnóstico. “Mas continuamos a campanha pela doação, até porque é a mesma rede mundial. Além disso, com mais doadores cadastrados, aumentam as chances de salvar mais vidas”, comenta Fabiana. A previsão da família é de que deixe o Brasil ainda nesta semana.
Célula-mãe
A hematologista e hemoterapeuta do Hemocentro Flávia Piazera explica que o Redome é um cadastro nacional, porém o Brasil tem parceria com outros países, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Japão. Por isso, Vivian continuará no cadastro brasileiro e, caso a equipe médica do Canadá coloque-a na lista daquele país, não está descartada a possibilidade de ela receber a medula de um doador brasileiro. Dessa forma, caso o doador daqui seja compatível com alguém no exterior, é feito o contato entre os países. “Esse cadastro em rede é muito bom. A única parte ruim é que, entre cruzar informações e os países se contatarem, demora de três a seis meses”, lamenta. Para Flávia, é importante lembrar aos doadores que mantenham os cadastros atualizados para facilitar o trâmite.
O Hospital da Criança, onde Vivian está internada, ainda não faz o transplante. A previsão para o início do procedimento é 2016, quando será inaugurado o Bloco 2. De acordo com Ísis Magalhães, coordenadora do serviço de oncologia e hematologia do Hospital da Criança, a maioria das crianças com leucemia linfoide aguda evolui bem com o tratamento quimioterápico — o percentual de cura é de 70%. O transplante é indicado em caso de recaída. “O que precisa ficar claro é que o transplante não é uma cirurgia, é um processo de captar célula-mãe. A medula óssea é coletada no quadril, colocada em uma bolsa, como a de sangue, e colocada no paciente depois do condicionamento, para que ele receba as novas células”, esclarece.
\”O que precisa ficar claro é que o transplante não é uma cirurgia,
é um processo de captar célula-mãe”
Ísis Magalhães,
coordenadora do serviço de oncologia e hematologia do Hospital da Criança de Brasília
- Advertisement -
Passo a passo para a doação
» Características
É preciso ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado de saúde e não ter doença infecciosa ou incapacitante. Lembre-se de que, uma vez no cadastro, poderá ser chamado, caso seja identificado como compatível com algum paciente, até os 60 anos.
» Cadastro
Pode ser feito no Hemocentro de cada unidade da Federação. Não é necessário agendamento. Para mais informações: telefone 160, opção 2.
» Ficha
Será retirada da veia de 5ml a 10ml de sangue e preenchida uma ficha com informações pessoais. O sangue será tipificado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar as características genéticas que podem influenciar no transplante. O seu tipo de HLA será incluído no cadastro. Os resultados são confidenciais e servem apenas para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).
» Banco de dados
Os dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante de medula óssea constantemente. Se você for compatível com algum, outros exames de sangue serão necessários.
» Compatibilidade
Se a compatibilidade for confirmada, você será consultado para confirmar se deseja realizar a doação. O atual estado de saúde será avaliado.
» Doação
A doação se faz em centro cirúrgico, com anestesia peridural ou geral, e requer internação por, no mínimo, 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples. Normalmente, os doadores retornam às atividades habituais depois da primeira semana.
» Outras técnicas
Existe uma outra forma de obtenção das células-tronco da medula óssea, que utiliza uma máquina específica (aférese) para separar, do sangue periférico (corrente sanguínea), as células necessárias para o transplante. Nesse caso, o doador tem de receber um medicamento antes da doação (fator de crescimento), que estimula a medula óssea a liberar tais células para a corrente sanguínea. A técnica é utilizada apenas em casos específicos, sob decisão médica e com o consentimento do doador.
Leia mais: