A greve dos caminhoneiros, que chega nesta quinta-feira (24) ao quarto dia, começa a afetar o transporte urbano em diversas regiões do país. As empresas estão reduzindo o número ônibus em circulação devido à dificuldade no abastecimento. A situação, de acordo com organizações locais, pode ficar crítica a partir de sábado, caso persista a paralisação.
Em Belo Horizonte, a frota foi cortada pela metade nos períodos de menor pico, entre 9h e 16h e entre 20h e 0h. Nos demais horários, que são de maior circulação, a frota é mantida integralmente, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setrabh). Caso o desabastecimento permaneça, o sindicato diz que a partir de amanhã a situação pode se agravar e, no sábado, \”há risco grande de parar\”.Em Recife, a frota de veículos no horário de pico, das 5h às 8h, variou de 10% a 30%, de acordo com o órgão gestor, a Grande Recife Consórcio de Transporte. Ao todo, 1,8 milhão de pessoas são transportadas diariamente.
Para tentar garantir a volta para casa de usuários de transporte público, no final do expediente, o consórcio autorizou empresas que ainda têm estoque de combustível a reduzir em até 50% a frota, fora do horário de pico, das 8h às 17h. \”Essas medidas contingenciais são uma tentativa de prolongar o serviço de transporte público o máximo possível, até a solução definitiva por parte do governo federal\”, informou o consórcio, em nota.
Brasília
No Distrito Federal, de acordo com a Associação Brasiliense das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiro (Transit), que representa as cinco empresas responsáveis pelo transporte de 75% dos passageiros, a circulação segue normal, mas se a situação persistir, a partir de sábado pode haver redução da frota. De acordo com o presidente executivo da associação, Sebastião Barbosa Neto, já há redução de usuários em alguns locais, uma vez que, com medo de não conseguir retornar para casa no final do expediente, eles estão parando de usar o transporte.
Em Curitiba, nesta madrugada, a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria de Segurança Pública e o Exército iniciaram a Operação Diesel, para garantir o deslocamento dos caminhões de combustíveis até as garagens das empresas de transporte coletivo. Com isso, de acordo com o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), os ônibus vão rodar normalmente pelo menos até domingo (27).
Alerta
Devido à falta de diesel e ao aumento do preço do combustível, a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) emitiu alerta informando \”redução na frota e suspensão do serviço\” em várias cidades. A entidade representa mais de 500 empresas no país.
De janeiro a maio deste ano, a associação estima o aumento médio de 11% no preço do diesel para o setor. O combustível representa 23% nos custos do transporte urbano. A maioria das empresas compra o combustível diariamente. A associação chama a atenção para a necessidade imediata de repasse do custo do diesel para as tarifas, controladas pelo poder público. “A política de preços da Petrobras é insustentável. As tarifas terão que ser majoradas, porque não há como as empresas suportarem. Com isso, sofre toda a população”, diz, em nota, o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
A NTU pede um tratamento diferenciado na política de preços de reajustes de combustíveis, seja por meio de desonerações de tributos, seja com outras alternativas, visto que o setor é regulado e a oferta de serviços é feita mediante contratos, com reajustes anuais de preços.
Segundo dados da Petrobras, nos últimos 45 dias, de 4 de abril a 18 de maio, houve aumento de 25,42% do diesel nas refinarias. \”Para a NTU este é um indicativo claro de que os preços estão sendo represados, mas poderão disparar a qualquer momento\”, acrescenta a nota.