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Um dos principais alvos da Operação Lava Jato, a empreiteira Camargo Corrêa começou a negociar um acordo de leniência com o governo. O objetivo da empresa é evitar que a CGU (Controladoria-Geral da União) a declare inidônea, o que a impediria de participar de licitações federais e de receber empréstimos de bancos públicos.
A Folha apurou que emissários da empreiteira procuraram a CGU na semana passada e manifestaram interesse em discutir os termos de um possível acordo. A primeira reunião deve ocorrer nos próximos dias.
Serão discutidas as supostas participações da Camargo nos cartéis de empreiteiras que manipularam concorrências na Petrobras, na usina nuclear Angra 3 e na hidrelétrica de Belo Monte.
O acordo de leniência é parecido com a delação premiada, mas é feito por empresas. Por meio dele, os infratores admitem irregularidades e colaboram com as investigações na tentativa de conseguir penas menores.
A Folha apurou que os acionistas da Camargo decidiram assumir pelo menos parte da responsabilidade por crimes revelados por dois de seus ex-executivos, que se tornaram delatores na Operação Lava Jato.
No mês passado, a empresa já firmou um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para colaborar com as investigações de um cartel nas obras da usina Angra 3.
A empreiteira entregou ao Conselho o resultado de auditorias em seus contratos e processos, feitas por auditores independentes.
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O material ajudou o órgão a concluir que sete empresas agiram em conluio para \”fixar preços\” e \”dividir o mercado\” na obra de construção da usina nuclear.
INDENIZAÇÃO
Um acordo com a CGU permitiria que a empresa não fosse declarada inidônea. Com isso, escaparia de veto à sua participação em concorrências públicas. Em contrapartida, a empresa seria obrigada a ressarcir as obras em que houve superfaturamento ou irregularidades.
No caso da Camargo Corrêa, a empresa teria de indenizar a Petrobras, a Eletronuclear (por conta de acertos na construção de Angra 3) e a Eletrobras (Belo Monte).
Executivos da Camargo confessaram aos procuradores da Lava Jato que houve pagamento de propina nesses três casos.
A participação dos contratos com o poder público vem caindo, nos últimos tempos, na carteira da Camargo. No ano passado, eles representaram cerca de 12% de seu faturamento.
É uma receita que tende a diminuir em razão da falta de investimento dos governos e da Petrobras, mas em algum momento deve voltar a ser mais significativa.
Os acionistas da Camargo chegaram a discutir o abandono do mercado de obras públicas, mas essa posição não foi adiante por razões estratégicas.
Poucas empreiteiras de grande porte deverão sobreviver após a Operação Lava Jato. Provavelmente a Odebrecht, a Andrade Gutierrez e a própria Camargo, as três maiores do país.
Ao fechar um acordo que permite continuar trabalhando para o poder público, com um número menor de concorrentes, a Camargo poderia aumentar sua participação no mercado, incluindo o de obras públicas.
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