O relator da PEC da Maioridade Penal, deputado Laerte Bessa (PR-DF), apresentará hoje em seu relatório uma versão atenuada da proposta original. O texto de cerca de 40 páginas mantém a redução da idade penal para 16 anos em todos os crimes, mas propõe que os menores de 18 anos cumpram pena em unidades diferentes dos estabelecimentos dos maiores. Mesmo com a alteração, o texto sofrerá oposição do governo e da bancada do PT, contrários à redução, e também do PSDB, que defende a mudança apenas em casos de crimes de sangue e hediondos. Desde a semana passada, o governo procura lideranças do PSDB na tentativa de construir um consenso no tema, que evite a alteração constitucional. A expectativa é de um dia tenso na Comissão Especial que analisa o tema. As mudanças no relatório de Bessa foram antecipadas pela coluna Eixo Capital, no site do Correio.
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Ontem à tarde, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se reuniu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para tratar do tema. E hoje Cardozo se encontra com o senador tucano José Serra (SP). Os dois parlamentares tucanos são autores de propostas sobre o tema. Na noite de ontem, Cardozo também discutiu a redução da maioridade com o vice-presidente da República, Michel Temer, e com outros líderes da base. “A reunião tinha opiniões favoráveis e contrárias. Portanto, o espírito é de entendimento. É uma questão que diz respeito fundamentalmente à sociedade brasileira, precisamos ter cautela e vamos buscar o entendimento, inclusive com o presidente (Eduardo) Cunha, de hoje para amanhã”, disse o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), depois do encontro.
Em Brasília, Alckmin participou de reunião da bancada tucana na Câmara, em companhia do líder, Carlos Sampaio (SP), e do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). O partido decidiu apoiar a proposta formulada pelo senador Aloysio Nunes (SP), que prevê a redução para 16 anos em casos de crime hediondo e de sangue. Para que o menor possa cumprir pena como adulto, o Ministério Público terá de formular pedido nesse sentido, que será analisado pelo juiz do caso. Além disso, os tucanos defenderão como medidas complementares às formuladas por Alckmin e Aécio. A proposta do mineiro consiste em ampliar dos atuais quatro anos para 12 anos a pena de quem usa menores para cometer crimes. E a de Alckmin prevê a ampliação da pena máxima do ECA, dos atuais três anos para oito anos.
Falando sobre a proposta de Alckmin, Cardozo indicou ontem que não concorda com o aumento da pena para todo e qualquer crime hediondo. O ministro é contra aumentar o tempo de internação para o caso do tráfico de drogas, por exemplo. Cardozo disse ainda que há a possibilidade de a proposta do governo ser encaminhada na forma de emendas aos projetos dos tucanos. “Depende do nível de consenso e diálogo que for colocado. Vamos imaginar que consigamos avançar numa discussão em relação ao projeto de lei do senador José Serra. Se houver entendimento, por que não somarmos as nossas forças?”
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