Orlando Pontes
Senadora eleita pelo DF e ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos), afirmou, sábado (8), que o governo federal resgatou crianças vítimas de tráfico humano para outros países. A ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos não apresentou provas.
Candidato à reeleição, Jair Bolsonaro voltou a flertar com teses golpistas. Afirmou que pode aumentar de 11 para 15 o número de ministros do STF. Se assim vier a proceder, caso vença o segundo turno da disputa presidencial no dia 30, estaria quebrando uma Cláusula Pétrea da Constituição de 1988. A repercussão foi péssima. E Bolsonaro recuou.
O suposto crime denunciado por Damares teria ocorrido na Ilha de Marajó, no Pará. “Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos, que, quando cruzam as fronteiras, têm seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral. (…). Descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”, afirmou, durante um culto evangélico em Goiânia.
Abaixo-assinado – As reações foram imediatas. Membros do MP Federal no Pará enviaram, na segunda (10), ofício ao MMFDH solicitando mais informações sobre supostos casos de abuso social revelados pela ex-ministra. Pedem que todos os detalhes descobertos pela pasta sejam encaminhados “para a tomada das providências cabíveis”. E exigem que o ministério informe quais providências tomou e se houve denúncia ao MP ou à Polícia.
Ainda no início da semana, começou a circular na internet um abaixo-assinado virtual pedindo a cassação do mandato de Damares antes da posse. Até quinta-feira (13), já havia quase 600 mil signatários.
Ofélia e Nazareno – As falas de Damares e de Bolsonaro remetem a dois quadros humorísticos da TV. No Zorra Total, a personagem Ofélia, uma perua sem noção e desinformada envergonhava o marido Fernandinho na presença das visitas. Mas, sempre encerrava o quadro com o bordão “eu só abro a boca quando tenho certeza”.
Chico Anysio protagonizava o Nazareno, casado com a feiosa Sofia. Metido a conquistador, humilhava a esposa. E quando ela esboçava qualquer reação, bradava: “Calada!”.
Alguém precisa dizer à senadora eleita e ao presidente que só abram a boca quando tiverem certeza. E se insistirem que recebam a ordem definitiva: Calados!