Jacira da Silva (Colaboração para o Seeb Brasília)
A antiga Agência Barão de Tefé, no Rio de Janeiro, agora se chama Pequena África O rebatismo foi feito no dia 16 de junho e teve um significado histórico para os funcionários da Caixa Econômica Federal. A iniciativa foi da Superintendência Capital RJ e contou com a presença de autoridades federais, estaduais e locais que tratam das questões raciais e dos funcionários e funcionárias negros e negras da empresa.
O nome foi escolhido em função da história do bairro, que se chama Pequena África (bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo), na zona portuária, conhecida por causa da presença expressiva de negros e negras escravizados alforriados e comunidades quilombolas. Entre 1850 a 1920 permaneceram trabalhando na região mesmo após o comércio de escravos se tornar ilegal no Brasil, em 1831. O local abrigou negros de todo o País, que ergueram casas, locais de convívio cotidiano e centros religiosos.
O gerente de Carteira Gustavo Neves, um dos fundadores do grupo “Caixa Preta, Movimento de Funcionários Negros”, que luta pela implementação de ações afirmativas na CEF, esclareceu que a iniciativa de mudar o nome da agência foi da própria empresa. “Mas acredito que a nossa atuação colaborou para isso. Estamos fazendo uma série de reivindicações e a empresa está nos ouvindo”, reconheceu.
O superintendente da Caixa Econômica do RJ, Sérgio Sales, destacou a importância e o comprometimento da instituição pelo reconhecimento cultural e resgate histórico.
Já Gustavo Neves acrescenta que a mudança do nome da agência foi a primeira entre mais de 500 unidades bancárias. “Essa iniciativa representa um marco simbólico, estamos reescrevendo a nossa história. A empresa está ressignificando uma série de coisas”, disse,
“Porém, continuamos atentos. Não basta só a mudança de nome. Queremos mais negras e negros nos cargos de direção, e políticas de ações afirmativas. Uma vez que somos mais de 50% na população brasileira, temos que ter esse mesmo percentual nos cargos de direção na empresa”. E acrescentou: “Queremos ter presença. Não queremos representatividade. Queremos estar em todos os espaços com grande número de pretos e pretas nos lugares de decisão”.
Representando o Caixa Preta no evento, a gerente-geral da Agência Almirante Gonçalves, de Copacabana, Gabriela Pinto, ressaltou que a mudança do nome da agência significa uma homenagem à cultura. “Temos uma história marcada por muitas lutas e muito representativa”. Segundo ela, a repercussão da mudança do nome da agência, principalmente para a categoria bancária, deixou todos muito orgulhosos. “A iniciativa da Superintendência Capital Rio de Janeiro, na pessoa do senhor Sérgio Sales, tem uma importância significativa para o nosso movimento, desde a sua localização histórica, no Cais do Valongo”.
Saiba+
O Movimento de resistência foi criado em 1º de junho de 2023, após a realização do Congresso Nacional da categoria, no Paraná, com a articulação de Josibel Rocha Soares, de Brasília, integrante do grupo Caixa Preta. Hoje são 255 membros, e o grupo está presente em todos os estados. Outra demanda do grupo é o Censo, que está em construção para saber a identidade de gênero no universo bancário do estado do Rio.