Ana Luisa Araujo, Orlando Pontes e Tácido Rodrigues
A secretária do Entorno de Goiás, Caroline Fleury, afirma que Ronaldo Caiado (União) “está pronto para ser nosso presidente”. Ela vê “com excelentes olhos” a candidatura do governador, porque acredita que ele pode ampliar para todo o Brasil o trabalho que vem fazendo no estado. “Caiado é extremamente experiente, capacitado. Passou por todas as esferas de poder, na Câmara e no Senado, e mantém índices de 86% de aprovação”.
Para Fleury, o grande mérito de Caiado é fazer uma gestão técnica. “É sensacional trabalhar com ele. Ele dá missão e você tem que cumprir”. Nesta entrevista ao Brasília Capital, a secretária revela que sua principal incumbência é melhorar a mobilidade entre as cidades do Entorno e o DF. Por isso, prioriza o projeto de criação do consórcio tripartite (governos de Goiás, do DF e União) para baratear as passagens de ônibus e criar alternativas para melhoria do transporte público.

Ela também faz um balanço dos avanços obtidos nas áreas de saúde, educação e segurança pública, com destaque para o desenvolvimento do turismo na região por meio de uma rota que integre Brasília e as cidades goianas. “Temos que tratar o Entorno como região única. São pessoas, vidas. É região integrada”, resume.
Como andam as conversas com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o governo de Goiás – que a senhora representa – e o GDF em relação ao consórcio para subsidiar passagens do Entorno? – O setor de mobilidade, hoje, vive um momento histórico. Conseguimos com que os governos de Goiás e do Distrito Federal formalizem o consórcio. O grande objetivo é que seja tripartite, incluindo o governo federal. O governador Ronaldo Caiado vem propondo isso há algum tempo, mas, infelizmente, a gente não teve a anuência do governo federal. O que o governador Ibaneis fez, e eu também entro nisso, é dizer: “Vamos logo começar, Goiás e DF, ao mesmo tempo que fazemos pressão junto à União”. Pela primeira vez, conseguimos suspender por seis meses o reajuste que ocorreria em fevereiro. Mas estamos otimistas de que vamos resolver isso antes.
O plano é formar o consórcio com a ANTT cedendo a operação? – Temos que fazer as licitações e os estudos de onde vai integrar, quais as rotas ideais, o que realmente fazer para otimizar esse transporte, já com a garantia do subsídio. É a partir deste estudo que vamos saber em quantos por cento é possível baratear em um primeiro momento. Os dois governadores estão analisando as minutas técnicas para, na sequência, assinarem o protocolo de intenção. Isso precisa passar pela Câmara Legislativa do DF e pela Assembleia Legislativa de Goiás.
E quando o governo federal entra nesta história? – Após a aprovação das Casas. O rito é a ANTT fazer a concessão da operação, ao passo que o governo federal vai se organizando, se estruturando para aderir ao consórcio e entrar com o que eles prometeram, que é a parte de infraestrutura que a gente precisa muito. Além dos altíssimos preços de transporte, infelizmente os ônibus são de péssima qualidade. Vamos precisar renovar a frota e integrar com terminais dignos.
Até agora, a senhora está falando apenas do modal rodoviário. Mas, como anda o projeto do trem Brasília-Luziânia? – Estamos com duas conversas em paralelo no governo federal e na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A deputada federal Lêda Borges (PSDB-GO) e o senador Wilder Morais (PL-GO) conseguiram recurso para a CBTU, uma garantia que em três meses esteja em funcionamento, em fase de testes…
Mas isso já foi prometido há quatro, cinco anos… – Exatamente. O governador Ronaldo Caiado tem sinalizado interesse em colocar o trem em operação. Até porque ônibus e trem não são concorrentes, são complementares pela densidade que o Entorno tem. A CBTU está pronta e o que falta é a autorização da ANTT, já que estamos falando de uma rodovia federal.

E os trens elétricos? – Esta é outra conversa dentro do Ministério dos Transportes, que talvez não seja o melhor caminho. O problema é que os estudos são preliminares e a linha só vai até Valparaíso. A gente defende que ela chegue ao menos até o Jardim Ingá, em Luziânia. Mas tem que ver as estações, porque ela tem que parar na rodoferroviária. Há um estudo dela parar na estação do Guará, mas seriam 800 metros de deslocamento a pé até a pista mais próxima. Uma distância grande para uma pessoa com deficiência, no sol, na chuva. Tem que ter integração e a gente já viu que o local ideal é na rodoferroviária.
O governo de Goiás acredita que há condições de tirar isso do papel? – Sim. A gente tem defendido, tanto em relação ao VLT, como no consórcio de ônibus, é começar com o que tem. Se a CBTU garante que põe em funcionamento em três meses, deixa colocar. Eles já falam que tem condição de fazer a adaptação necessária para o transporte de passageiros, no próprio trilho, do jeito que está, de forma muito rápida. Portanto, nossa posição é que comece o que dá para fazer. Enquanto o Ministério dos Transportes segue com o estudo ideal, a gente vai fazendo a transição para o que eles consideram ser ideal.
A Secretaria do Entorno trabalha para viabilizar a instalação de passarelas na BR-040, entre Luziânia e Valparaíso… – Exatamente. A segurança viária ali é péssima. Várias vidas foram perdidas em mortes evitáveis, tanto em acidentes de moto, quanto com pedestres que se arriscam para atravessar a pista. Estamos tentando na Infra S.A. justamente enquanto a rodovia está sob responsabilidade do DNIT, porque antes não havia previsão na concessão. Quando a gente cobrava da concessionária, a resposta era que não foi previsto no contrato original. E também não autorizava a prefeitura fazer. Agora, tem condição de avançar. Só tem que ter cuidado, porque como a gente está falando de VLT, de BRT, de rodovia, de integração, para não colocar passarelas em lugares que depois comprometam as obras. É por isso que estamos em contato constante com a Infra S.A.
É possível coibir o transporte pirata? – É um objetivo nosso. Quando o VLT e o BRT estiverem em funcionamento, quando tivermos os ônibus de qualidade com passagens mais baratas, a gente tira carro da rua. O sistema, hoje, está incentivando a pirataria, porque as pessoas precisam chegar na hora para trabalhar. Além disso, passa muito veículo pesado no trecho da 040. Os retornos precisam ser redesenhados. Mas, como eu disse, neste momento, precisamos priorizar a vida. A Infra S.A. tem trabalhado junto com os prefeitos da região para autorizar as passarelas. É algo emergencial.
O que tem sido feito para reduzir a pressão no sistema de saúde do DF por pacientes do Entorno? – Nós temos conversado muito com a vice-governadora Celina, com o governador Ibaneis, porque o estado de Goiás tem feito o dever de casa. Inauguramos a primeira parte do Hospital de Águas Lindas, que em breve estará completo. É um hospital de 160 leitos de média e alta complexidade. O Hospital de Formosa também passou a ser administrado pelo Estado, assim como o de Luziânia e as policlínicas. Antes do governador Caiado, a saúde era totalmente concentrada em Goiânia e na região metropolitana. Não tinha uma unidade estadual fora dos arredores da capital.
Então, isto está mudando… – Sim. Estamos trazendo para cá justamente para que a população não precise se deslocar para o DF. Isso já tem acontecido. Já estamos vendo, na parte ambulatorial, as pessoas virem de Brasília para se consultar em Goiás. O fato é que urgência e emergência, parto, não adianta a gente achar que a pessoa vai passar por Brasília e não vai parar. O que precisamos é pactuar, é realmente universalizar o SUS, para que a pessoa possa ser atendida em qualquer lugar do Brasil. Por ser médico e entender que tem que haver essa descentralização da saúde, o governador Caiado tem feito o dever de casa para que cada vez mais as pessoas fiquem nos seus lugares e possam ser atendidas sem precisar se deslocar.
A ideia é criar um fluxo DF-Entorno também no desenvolvimento econômico, geração de emprego e turismo? – Com certeza. O objetivo principal da Secretaria do Entorno de Goiás é o desenvolvimento regional. Por muito tempo, ela ficou largada, o tal do nem-nem. Chegava só na hora de eleição. Era nem Brasília, nem Goiás. O governador Caiado foi claro ao dizer que as políticas públicas devem chegar a todos os goianos, sem exceção.

E é inevitável não falar de segurança, talvez a principal bandeira de Caiado… – Sob a atual gestão, o estado de Goiás atinge segurança plena. As pessoas podem andar, o comércio pode abrir, as empresas se sentem seguras em vir para cá. Nossa região ganha muito. É a segurança que dá a base para as demais políticas públicas. Ou seja, quando o Estado garante as políticas públicas, como saúde, segurança e educação, conseguimos avançar com a iniciativa privada.
E o grande nicho é o turismo? – Esta é uma atividade que gera emprego na gastronomia, hotelaria, engenharia, formação de mão de obra, guias turísticos. E a região do Entorno tem tudo: turismo religioso, gastronomia privilegiada, turismo ecológico, rota dos queijos e vinhos, as cachaçarias, a produção dos doces de marmelo em Luziânia e na Cidade Ocidental. Estamos falando de um artesanato riquíssimo. Tem a rota dos cristais. Enfim, cada município tem a sua vocação. O que temos conversado com o GDF é uma parceria para que o turista que visite Brasília depois venha conhecer nossas atrações. É uma forma, inclusive, de resgatar tradição, cultura e fomentar a economia.
O governador Ronaldo Caiado é pré-candidato a presidente em 2026. Como será este desafio? – A gente vê com excelentes olhos, porque imagina que ele pode ampliar o que fez no estado de Goiás. Caiado é extremamente experiente, capacitado. Passou por todas as esferas de poder, da Câmara ao Senado, e agora mantém índices de 86% de aprovação da gestão como governador. E o grande mérito dele é essa gestão técnica. É sensacional trabalhar com ele. Ele dá missão e você tem que cumprir.
E qual é a sua missão? – Quando eu cheguei na secretaria, ele enfatizou que a missão número um era a mobilidade. “Vai a campo, se vira. Faz o que for preciso, porque a gente precisa de resultado”. Como ele é de resultado, ele cobra toda a equipe. Para isso, precisou digitalizar o estado, fazer um compliance, mexer com transparência.
Como é a parceria dele com a primeira-dama Gracinha Caiado? – O governador e a dona Gracinha têm uma sala de situação em que monitoram tudo em tempo real. A área social, que ela comanda, avançou bastante, com a maior rede de proteção do Brasil. Assim como o agro, com os cursos e dinheiro para investir nos primeiros insumos e empreender. A grande diferença é saber o que está fazendo. E é o que o governador diz: “Tem dinheiro, e só rende quando você não rouba, quando você faz a coisa certa. Quando você prioriza a gestão, fica o dinheiro para trabalhar. Caiado está pronto para ser nosso presidente.
Como anda a relação com a Secretaria do Entorno do DF, recriada pelo governador Ibaneis? – O governador Ibaneis não poderia ter escolhido uma pessoa melhor. O Cristian Viana entrou com o pé direito no consórcio. É um advogado muito competente. Tem ajudado muito nessa modelagem. Ele também é dirigente partidário, conhece o Entorno, sabe as necessidades. E isso nos ajuda demais. Antes, a gente tinha que falar com Saúde, Segurança, Educação separadamente. Agora a gente espelha, faz planejamento, porque o objetivo é o mesmo: melhorar a região.
Esta troca de experiências tem o apoio dos dois governadores? – Os governadores Caiado e Ibaneis querem dar qualidade de vida à população e, tecnicamente, vamos achando os caminhos. Temos que tratar o Entorno como região única, até porque nunca teve barreira física, e não dá mais falar para falar de população de Goiás e do DF separadamente. São pessoas, vidas, é região integrada. O que a gente precisa melhorar, estabelecer sempre, é a relação de parceria, e não mais de dependência.