Ser professor do ensino básico e médio não é uma alternativa para a maior parte dos estudantes brasileiros. É o que mostra relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo os dados, a porcentagem de estudantes que querem ser professores passou de 5,5% em 2006 para 4,2% em 2015.
O relatório Políticas Eficazes para Professores é baseado nas respostas de estudantes de 15 anos no questionário do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), avaliação da qual participaram 70 países. No Brasil, de acordo com o questionário do último Pisa, em 2015, a porcentagem dos que esperam ser professores é ainda menor que a média dos países da OCDE, 2,4%.
Com tamanho desinteresse pela licenciatura, já é possível prever um “apagão” de professores. Se nada mudar, o futuro dessa profissão – e, portanto, dos nossos filhos – fica cada vez mais ameaçado. Especialistas dizem que a saída para isso nem é tão difícil. Aumentar salários, criar um plano de carreira e desenvolver cursos de formação são ações que precisam ser colocadas em prática, para ontem.
“A atratividade da carreira docente precisa mudar e isso implica, também, não só o aumento de salário, mas a constituição de uma carreira mesmo”, afirmou Regina Scarpa, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). “Em países onde os salários dos professores é mais alto, estudantes de 15 anos tendem a desejar mais seguir a profissão. O mesmo ocorre em países onde os professores acreditam que a profissão é valorizada pela sociedade”, enfatizou o relatório da OCDE.
Para melhorar o ensino, o Plano Nacional da Educação espera, até 2024, alcançar algumas metas. Entre elas, garantir que os professores tenham formação superior, que pelo menos 50% de quem dá aula na educação básica tenha pós-graduação e valorizar o salário dos professores em relação a outros profissionais que também tenham nível superior.
“Acho que é consenso de todos os lados, de todos os campos políticos, que política educacional é o caminho para o desenvolvimento do país”, disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo. “A educação muda a vida da pessoa e, para ter educação de qualidade, tem que ter pessoas animadas, com autoestima elevada, com alegria e disposição para fazer o trabalho no dia a dia”.