“Tia, eu vi meu pai; ele deu pou pou na mamãe”. A frase foi dita pela pequena Isabelle (nome fictício) para a cliente de sua mãe, que a levou para o banheiro. Na sequência, elas ouviram outros disparos.
Ao saírem, a designer de sobrancelhas Tainara Kellen Mesquita da Silva, de 26 anos, mãe de Isabelle, estava morta. Seis dos cerca de 16 tiros que haviam escutado a haviam atingido. Os disparos foram feitos por Wesly Denny, ex-marido dela e pai da criança.
Wesly Denny, de 29 anos, está foragido. O motorista de aplicativo tem registrado de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC). Mora no Gama, cidade onde cometeu o primeiro feminicídio registrado no Distrito Federal em 2024.
O CAC é filho de um policial militar aposentado. Aparentemente, o crime foi premeditado. Ele criou um perfil falso no whatsapp e entrou em contato com Tainara, marcando um horário, como se fosse uma cliente.
No horário marcado, ele mandou uma mensagem dizendo que estava “perdida” na quadra. Ela saiu do salão de mãos dadas com a filha por três vezes e não conseguiu achar a provável cliente.
Na quarta vez, deixou a criança com a cliente e saiu sozinha. Era o que o assassino queria. Quando Tainara chegou perto do ponto onde ele estava, Wesly deu dois passos à frente e efetuou os disparos. Da porta da loja a criança viu tudo.
O DF bateu recorde de feminicídios em 2023. Foram 30 casos confirmados e quatro ainda em investigação. O GDF, a Câmara Legislativa e a OAB-DF vêm fazendo campanhas educativas para as pessoas denunciarem a violência contra a mulher quando presenciarem estes atos.