Termina mais um ano da administração Rollemberg e mais um ano que Brasília fica privada de seus principais espaços culturais. Teatro Nacional, Museu de Arte, Espaço Renato Russo…, tudo fechado esperando por reformas que nunca acontecem. A história da recuperação desses espaços seria cômica, se não fosse trágica. Bem ao estilo dos dramas outrora apresentados nos palcos das salas Martins Penna e Villa Lobos.
Para ampliar a tragédia, os produtores culturais da cidade tomaram conhecimento de que os R$ 106 milhões do Fundo da Cultura, usados pelo GDF em 2015 e 2016 para cobrir déficits internos não serão devolvidos ao FAC. A Lei Orgânica da Cultura – LOC sancionada pelo governador, em seu artigo 81, sacramenta a não devolução dos recursos do FAC.
Rollemberg tenta mostrar preocupação com a Cultura. No dia 7 de dezembro, organizou uma solenidade para reabrir o foyer do Teatro Nacional e sancionar a LOC. Mas a reabertura do foyer não é pra valer. Por ora, só serve para visitas de turistas. Nada de mostras, saraus, lançamentos de livros. A previsão é de que isto volte a ocorrer no ano que vem, após definir as diretrizes de ocupação cultural. Até lá, Brasília continuará sem uma de suas tradicionais galerias de artes.
Como nos anos que se passaram, Rollemberg voltou a prometer para o ano seguinte a entrega dos demais espaços culturais recuperados. Ficariam prontos o Centro Cultural de Dança, o Espaço Cultural Renato Russo e o Museu de Arte de Brasília. Em janeiro de 2016, o secretário de Cultura, Guilherme Reis, declarou ao programa Revista Brasília que, naquele ano, o foco principal da sua pasta era a retomada das obras do Museu de Arte e do Teatro Nacional. Passaram-se 2016 e 2017, e chegamos a 2018 e, como numa telenovela mexicana, o epílogo para essas reformas nunca acontece.
Jogo de mãos
Num passe de mágica, a mímica oficial oferece com uma mão e retira com a outra. Denúncia da presidente do Conselho Popular de Cultura do DF, Cleide Soares, revela que na mesma ocasião em que acontecia a reabertura do foyer à visitação pública, o GDF destinava o espaço da Galeria de Artes Athos Bulcão, no anexo do teatro, à instalação de gabinetes e escritórios da Secretaria de Cultura. Desde 1981, a Galeria é destinada a exposições de pinturas, esculturas e outras formas de expressão das artes visuais. Agora, prevalece a arte da burocracia e dos serviços administrativos. A medida, segundo ela, desrespeitaria a Lei Orgânica do DF e a LOC. O assunto já foi levado ao Ministério Público.