Embora tenha um dos melhores aeroportos do país, Brasília está perdendo espaço para as outras cidades. Depois de cancelar o voo Paris-Brasília, a Air France acaba de jogar um balde de água fria nas pretensões candangas de se transformar num importante ponto de conexão aérea, um hub na linguagem técnica. O Aeroporto de Fortaleza será o centro de conexões de voos no das companhias Air France, KLM e Gol a partir de maio de 2018. As operações terão início com três voos da KLM para Amsterdã, na Holanda, e dois voos para Paris, na França, via Joon, empresa de baixo do grupo Air France. De lá, a Gol fará as interligações com o restante do Brasil.
Não foram só as belas paisagens cearenses que levaram as empresas a tomar tal decisão. No ano passado, a Câmara Municipal da cidade aprovou uma política de benefícios fiscais a empresas aéreas que lá instalassem hubs. Já passou da hora do GDF e da Câmara Legislativa concentrarem-se na elaboração de políticas mais estruturantes para o desenvolvimento do DF.
Turismo às moscas
No mundo inteiro, cidades e países buscam atrair turistas, pois o setor é responsável pela entrada de divisas, geração de empregos e, na maioria dos casos, de desenvolvimento sustentável. Mas turista não cai do céu. Precisa ser cativado. Sua atenção e curiosidade precisam ser alimentadas para que ele decida ir a esse ou aquele lugar. Políticas públicas precisam ser aprovadas e um marketing competente implantado.
Uma das estratégias principais são as feiras de turismo. Nelas, tantos os agentes de turismos quanto os próprios turistas são informados sobre as novidades, ofertas, oportunidades. No Brasil, um dos espaços mais estratégicos é a Feira da Associação Brasileira de Agência de Viagens – ABAV. Cada Estado deve montar seu stand com o que de melhor tem a oferecer. Deveria ser assim, mas com o GDF é diferente.
Uma disputa pelas redes sociais entre a secretaria de Turismo do DF e a revista especializada Leitura de Bordo trouxe à tona a precariedade da difusão do turismo candango. Com fotos, a revista denuncia que o stand do DF estava vazio. Também com fotos, o secretário Jaime Recena mostra que o stand estava equipado. Mesmo tomando como verdadeira a afirmação do secretário de Turismo – e comparando-se com os stands de outros Estados, até os economicamente mais frágeis, como Maranhão e Rondônia, percebe-se que não há uma estrutura competente para divulgar a cidade aos turistas. Alguns folhetos não serão atrativos suficientes para fazer a mente de um viajante.
O GDF nada pagou pela participação na feira. Tudo foi bancado pelo governo federal. Poderia então ter caprichado mais. Como sugere a revista, se não tinha recursos, que convidasse os operadores locais, o chamado trade, as agências, os hotéis e até organizasse com os municípios do Entorno, como os da Chapada, uma ação conjunta. Perdeu a oportunidade.