Gutemberg Fialho (*)
Eu e Brasília não temos muita diferença de idade. Ela foi inaugurada em 1960 e eu nasci em 1964. Vim conhecê-la, ainda menino, em 1979, como representante de Araruna (cidade da Paraíba onde nasci), na Caravana de Integração Nacional, que trouxe representantes dos municípios brasileiros para a posse do presidente João Batista Figueiredo.
Quase uma década depois, formado em Medicina, vim de João Pessoa para cá, e não me separei nunca mais de Brasília. É interessante olhar para trás e ver como crescemos e evoluímos juntos.
Claro que já havia ouvido falar muito de Brasília desde criança. Mas, jovem, não imaginava que viveria um caso de amor com ela. E ela, mesmo famosa e imponente, me acolheu em seus braços. E ai de quem diga, perto de mim, que ela é “fria e impessoal”!
Como a mim, Brasília também acolheu homens e mulheres de toda parte. No começo, vivíamos em nossas “colônias”, no conforto da familiaridade de hábitos e traços culturais regionais.
Mas a cidade tem a virtude de aproximar pessoas de origens diversas e nos transformar em brasilienses, concidadãos, membros de uma mesma comunidade, que herdaram o legado da busca dos ideais que foram material do sonho e do projeto que aqui se concretizaram, de justiça e equidade social, de desenvolvimento e esperança.
Desde sua origem, Brasília foi uma cidade futurista. Na minha área, a Saúde, não foi diferente. A estruturação do Sistema Único de Saúde, o SUS, seguiu, trinta anos depois, os parâmetros da organização da rede pública de saúde implementada no Distrito Federal, desde a sua concepção, com o Plano Bandeira de Mello.
Além da estrutura urbana e do conjunto arquitetônico modernista, Brasília teve um sistema de saúde planejado e bastante ousado, que foi referência para o Brasil inteiro e até no exterior. E este é um preceito para termos em mente e que determina, ocasionalmente, a necessidade de correções de rumos e de concertos para que a “cidade futurista” concretize o seu destino.
Apesar de Brasília ser a terceira maior cidade do Brasil, aqui se respira ares de cidades interioranas. E isso tem suas vantagens. Entre elas, uma boa qualidade de vida, em relação à maioria das outras cidades.
E, mesmo com disparidades socioeconômicas, Brasília é uma cidade que tem muitos recursos à disposição. Tem-se aqui a maior renda familiar do País, o maior PIB per capta, os melhores índices de desenvolvimento humano, os melhores níveis educacionais e a melhor razão de médicos por habitante: mais do que o dobro da média nacional.
A missão da atual geração de brasilienses, para honrar o sonho de grandeza e prosperidade, é aplicar todos esses recursos com vistas a realizar os ideais de maior justiça social e equidade entre as pessoas e, assim, continuar sendo referência para todo o País e para o mundo.
Parabéns, Brasília!
(*) Presidente do SindMédico-DF