Esplanada dos Ministérios – Foto: Ana Volpe
Chico Sant’Anna
A Esplanada dos Ministérios está em Brasília, mas Brasília não estará na Esplanada no novo governo. Ao contrário do que ocorreu no passado, quando nomes como Maílson da Nóbrega (ministro da Fazenda de Sarney), Joaquim Roriz (Agricultura, com Collor), Cristovam Buarque e Agnelo Queiroz, respectivamente, Educação e Esportes, com Lula) e Flávia Arruda, secretaria de Governo de Bolsonaro), não se cogita nenhum nome da cidade para a equipe de Lula.
Quem chegou mais próximo foi a senadora Leila Barros (PDT), cogitada para o Ministério dos Esportes, mas o partido queria uma pasta mais expressiva e para outro nome. O presidente da sigla, Carlos Luppi, deve ser o futuro ministro da Previdência.
Analistas políticos próximos ao governo avaliam que isso é um reflexo do raquitismo experimentado nos últimos tempos pelas legendas de esquerda no Distrito Federal. “A esquerda brasiliense não formou novos quadros, não se renovou”, observa um analista que participou das equipes de transição e, por isso, prefere o anonimato.
Pensamento provinciano
O consultor político Melillo Diniz segue o mesmo raciocínio. Segundo ele, a classe política local tem por característica o fato de pensar de maneira provinciana. “Por que Brasília não terá nenhum ministro e Pernambuco terá três? Porque não há ninguém aqui que traga um projeto nacional. Nossos quadros precisam criar maturidade política e institucional”.
Para Diniz, Brasília poderia até propor nomes como Leandro Grass (PV), que foi candidato a governador, e mesmo o ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Há quem lembre de Erika Kokay (PT) e Geraldo Magela (PT), que coordenou a campanha de Lula no DF, e Fátima Sousa (Psol). Mas o certo é que os quadros de Brasília comporão o segundo escalão. Até porque esses salários não atraem pessoas de fora, que teriam que montar uma estrutura domiciliar para viver na capital.
Quem deve reaparecer pelos corredores do Planalto é Swedenberg Barbosa (PT), o Berge, ex-chefe de gabinete-adjunto de Dilma Rousseff. No Ministério da Justiça, dois nomes do Psol – o auditor federal Marivaldo Pereira e a sindicalista Roseli Faria – foram indicados para a equipe do ministro Flávio Dino. A escolha deles provocou ruídos internos no partido, que ainda não havia decidido fazer parte do governo Lula. Portanto, foi considerada pessoal do futuro ministro e não fruto de composição política.
Durante a transição, Grass chegou a ser citado para a Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), mas o sonho de consumo dele, como professor, seria um espaço no MEC, como o Inep, responsável por realizar o Enem, ou a área que coordena as escolas técnicas. Grass, contudo, não é prioridade do PV, que apresentou uma lista de cinco nomes a Lula, sem incluí-lo.
Fátima Sousa, que no passado coordenou a implantação em todo o Brasil do Programa Saúde da Família, teria as credenciais para um novo desafio na saúde pública e, como professora da área na UnB, tem portas abertas na Fiocruz, origem da nova ministra Nísia Trindade.
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