Orlando Pontes
O secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antônio Lisboa, foi eleito vice-presidente (presidente-adjunto) da Confederação Sindical Internacional durante o 5º Congresso da entidade, de 17 a 21 de novembro em Melbourne, na Austrália. A diretoria da CSI, que tem 210 milhões de trabalhadores, é formada por apenas sete pessoas, e o Congresso teve representantes de mais de 150 países. Cerca de 200 organizações sindicais do mundo inteiro votaram pela nova direção.
Para o próximo quadriênio, as principais bandeiras de luta da CSI serão a taxação das grandes fortunas, impostos para as transações financeiras internacionais, defesa do meio ambiente, garantia dos direitos humanos, combate à extrema direita global, regulação dos direitos dos trabalhadores de plataforma, combate ao trabalho informal, além da luta por saúde e educação de qualidade e defesa da democracia.
É a terceira vez que a CUT compõe a direção da CSI. No início dos anos 2000, a Central teve uma representação na secretaria-geral da Confederação, e, de 2014 a 2018, João Felício foi presidente da entidade. Agora, Lisboa assume a vice-presidência para dar continuidade à organização coletiva internacional. Para ele, a eleição da CUT é muito importante, pois, além de reconhecer o papel que a Central desempenha no Brasil e na América Latina, fortalece as relações dos trabalhadores em todo o mundo.
“A CUT leva sua experiência e, ao mesmo tempo, aprende com o movimento sindical internacional, uma vez que a exploração capitalista é feita globalmente pelas cadeias de produção. Portanto, é fundamental que nos organizemos”. O brasileiro afirma que o cargo traz muitas responsabilidades. E destaca que a classe trabalhadora brasileira tem inúmeros desafios e que a articulação internacional fortalecerá a organização coletiva.
“É o momento de recuperar direitos históricos que nos foram arrancados com a reforma trabalhista e garantir a democracia e a vida digna para as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros. Essa articulação internacional, por meio da CSI e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), vai nos ajudar”, avalia.
Para Lisboa, levando em consideração a forma como o capital se organiza, é fundamental que o movimento sindical tenha uma articulação internacional para fortalecer a luta no Brasil. Ele explica que, apesar de na Europa ainda prevalecer o respeito ao diálogo social e à negociação coletiva, e os trabalhadores terem mais qualidade de vida do que na América Latina, na África e no Sudeste Asiático, os desafios da classe trabalhadora ao redor do mundo são parecidos.